Clipping África Ocidental #133

Soldados alemães deixam Mali

03/05/2023

Por  Aline Almeida Santos

Cerca de mil soldados alemães deixaram a cidade de Gao no Mali. As tropas germânicas tinham como objetivo ajudar o país no processo político e estabelecer a paz na região. Em 25 de abril de 2013, a Resolução 2100 do Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou o documento: União Nacional Multidimensional Integrada Missão Estabilizadora no Mali (MINUSMA) cuja finalidade era promover a segurança de civis e estrangeiros e combater os grupos extremistas islâmicos na região do Mali. Desde 2013, são mais de 12 mil soldados envolvidos de diferentes países, destes se destacam Chade, Bagladesh e Egito. 

O plano era de estender o projeto até maio de 2024, porém a Guerra da Ucrânia e da Rússia mudou o cenário internacional e os soldados alemães foram chamados para regressar à sua terra natal. 

A ministra de defesa, Christine Lambrecht, disse que a retirada da Alemanha do Mali foi feita de forma ordeira e gradual. O malinense Fousseynou Ouattara, vice-presidente do Comitê de Defesa, Segurança e Defesa Civil, acredita que a saída das tropas alemãs é uma decisão sensata e de que o exército malês é capaz de assegurar a ordem e a segurança dos civis no país. O secretário parlamentar do Governo de Transição do Mali, Amadou Maiga, compartilha da mesma opinião do vice-presidente: “Penso que a cooperação vai continuar a outros níveis, como o desenvolvimento e a segurança. Agradecemos-lhes e vamos enfrentar o nosso destino”.

FONTES:

SIEBOLD, Sabine. WILLIAMS, Matthias. MACSWAN, Angus. German troops start withdrawal from Mali. Reuters. Disponível em: 3 mai. 2023.

https://www.reuters.com/world/africa/german-troops-start-withdrawal-mali-commander-2023-05-03/. Acesso em: 3 mai. 2023.

DAILY OBSERVER. German Government to Deploy Troops to Niger as Part of EU mission. Disponível em: 29 mar. 2023.

https://www.liberianobserver.com/german-government-deploy-troops-niger-part-eu-mission. Acesso em: 3 mai. 2023.

UNITED NATIONS PEACEKEEPING. Minusma fact sheet. United Nations Multidimensional Integrated Stabilization Mission in Mali. 

https://peacekeeping.un.org/en/mission/minusma#:~:text=The%20United%20Nations%20Multidimensional%20Integrated,number%20of%20security%2Drelated%20tasks. Acesso em: 3 mai. 2023.

KRIPPAHL, Cristina. Junta militar do Mali desvaloriza retirada de tropas alemãs. Deutsch Welle. 2022 https://www.dw.com/pt-002/junta-militar-do-mali-desvaloriza-retirada-de-tropas-além%C3%A3s/a-63867771. Acesso em: 4 mai. 2023.

Investigações revelam programa de aborto forçado na Nigéria 

07/05/2023

Ana Júlia da Silva Rosa

No dia 07 de dezembro de 2022, a Reuters, uma agência de noticias britanica, publicou um artigo que revelava um programa de aborto ilegal que teria sido encabeçado pelo exército da Nigéria. A localização do projeto seria na região nordeste do país, local este que é o centro da insurgência jihadista, tambem conhecida como Boko Haram.

A pesquisa realizada calcula que, aproximadamente, 10.000 mulheres grávidas de uniões, casamentos, voluntárias ou não com jihadistas tenham sido vítimas dessa ação clandestina após serem libertadas ou capturadas pelo exército nigeriano desde de 2013. Uma parte dessas mulheres, segundo a Reuters, teriam tido abortos forçados, uma vez que não foram comunicadas que as injeições ou medicamentos que lhe eram aplicados eram abortivos. Além disso, uma parcela das vítimas foi ameaçada, espancada ou amarrada para que o procedimento fosse realizado.

Ademais, ao terem conhecimento acerca do artigo publicado, o exército nigeriano negou as informações, além de criticar o tipo de jornalismo praticado pela Reuters e se negar a investigar as alegações trazidas pelos jornalistas, o que repercutiu no âmbito nacional e internacional. Diante disso, o presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, solicitou à Comissão Nigeriana de Direito Humanos que fosse criada uma comissão de inquérito, porém não se tem muitas expectativas sobre isso. Isso porque, na Nigéria, é frequente que, após a criação de comissões, os casos sejam enterrados ou que, caso seja feito um relatório, este não chegue a se tornar público. 

Outrossim, pode-se dizer que as mulheres não tinham um papel definido ao serem associadas ao Boko Haram, de forma que podiam ser tanto esposas de combatentes jihadista quando suas prisioneiras. O aumento das críticas internacionais a respeito do abuso dos direitos humanos, a complicação da cooperação entre a Nigéria e alguns de seus parceiros internacionais e a falta de espaço para alocar todos os detentos foram fatores que contribuíram para a libertação de grande parte das mulheres e crianças que estavam detidas, sendo elas encaminhadas para campos de deslocados internos em Borno.

Doravante, na sociedade nigeriana o crescimento populacional é um problema presente e agravado ainda mais pelo pensamento de que as grávidas dos jihadistas estariam carregando filhos de ‘’sangue ruim’’. Essa ideia, juntamente com a estereotipização de que as mulheres eram vítimas em uma sociedade patriarcal e moralista, e o receio de uma nova geração que tivesse herdado a violência dos pais são explicadas pela  união forçada. 

Fonte: Le Journal d’Afrique

Protestos de professores na Guiné

07/05/2023

Por Julia Araujo de Oliveira

Na Guiné, devido ao atraso de pagamento de sete meses e a falta de integração ao sistema público, os professores tomaram as ruas do país entre os dias 24 e 30 de abril, um mês antes dos exames finais dos estudantes, em protesto, exigindo melhores direitos e pagamentos em dia. Assim, dois departamentos estão examinando e trabalhando pela questão dos professores pela primeira vez, sendo eles a Administração Territorial e a Educação Pré-Universitária. Nesse sentido, os ministros dos respectivos departamentos anunciaram o pagamento dos salários, mas não deram uma data específica, tendo em vista a necessidade de atualizar o contrato dos professores e remover os casos fraudulentos. Porém, o anúncio não foi crível para o coordenador nacional pelos professores de contrato, no sentido de que, segundo ele, um dos ministros já fez várias promessas e não as cumpriu. Além disso, até o momento, é visto que os professores estão apenas protestando nas ruas, contudo, perguntas surgem sobre o que vai acontecer se as ameaças de greve realmente se tornarem reais. Isso porque é entendido que um dos impactos negativos mais sentido será no funcionamento dos exames nacionais.

Fonte: Aljazeera

Bloqueio limita acesso à assistência para população de Djibo, em Burkina Faso

08/05/2023

Por Camila Gomes Barroso 

Por mais de uma década, a região central do Sahel, principalmente, Mali, Níger e Burkina Faso, tem passado por uma crise humanitária sem precedentes. Em 2021, Burkina Faso tornou-se o foco de violência da região, com um aumento acentuado de sequestros e ataques, como o que ocorreu em Solhan, quando 160 pessoas foram  violentamente assassinadas. De acordo com dados fornecidos pelo escritório da ONU que coordena assuntos humanitários, cerca de 2 milhões de pessoas deslocadas internamente fugiram da violência perpetrada por grupos jihadistas. 

Os conflitos que estão acontecendo entre as forças de defesa e segurança de Burkina Faso e os grupos armados não estatais resultaram em um grande número de refugiados que buscam abrigo na cidade. Dos 300 mil habitantes, quase 270 mil, segundo o Conselho Nacional de Assistência e Reabilitação de Emergência (CONASUR), estão internamente deslocados, sendo metade dessas pessoas crianças, vivendo em acampamentos ou com famílias locais. Além disso, o deslocamento da população é restrito e o acesso aos serviços básicos tem sido severamente afetado. A população tem vivido com pouca comida, água, eletricidade e recursos limitados de comunicação. O acesso aos cuidados de saúde também é fortemente afetado pelo bloqueio: grande parte da equipe médica deixou o país, e as dificuldades na obtenção de medicamentos levaram ao fechamento de várias instalações. Presas no conflito, as comunidades, que sobrevivem por meio da assistência humanitária, têm suas condições de vida agravadas rapidamente.

Fonte: Médicos Sem Fronteiras

Líbia e Níger reúnem esforços para enfrentar problemas comuns

08/05/2023

Por Lorenna de Oliveira Silva

As delegações do Níger e da Líbia estiveram juntas em uma sessão de trabalho que foi co-presidida pelo primeiro-ministro da Líbia, Abdel Hamid Dbeibah, e o presidente do Níger, Mohamed Bazoum, no palácio presidencial líbio. O encontro tinha por objetivo discutir questões como terrorismo e imigração irregular, problemas que são enfrentandos por ambos os países desde do desaparecimento de um líder líbio, chamado de Muammar Gaddafi.  Sendo assim, os representantes dos governos desses países entendem essa importância da cooperação para solucionar esses problemas, e têm se empenhado para desenvolver soluções conjuntas, reforçando, assim,  a cooperação no âmbito de segurança e níveis de inteligência. 

O Níger tem tentado fazer o controle na fronteira dos dois países, que possui quatrocentos quilômetros e é caracterizado por uma zona desértica, propícia ao tráfico e a ilegalidade, envolvendo grupos armados e terroristas. Para a Líbia essa região também tem sido alvo de preocupação e de desempenho de esforços conjuntos. 

Desse modo, no encontro dos representantes dos países, Abdel Hamid Dbeibah reforçou seu apoio no combate ao terrorismo e os problemas nas fronteiras dos países, e Mohamed Bazoum enfatizou que possui uma relação especial com o povo da Líbia, ademais, acrescentou que o vizinho é estratégico. 

Fonte: Journal du Niger

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