Estados Unidos pressiona Congo e Ruanda para solução de conflitos
10/11/2023
Por Luis Gustavo Rodrigues Viana
O Secretário de Estado Antony Blinken, do Estados Unidos, conversou separadamente por ligação com o presidente congolês Felix Tshisekedi e com o presidente ruandês Paul Kagame em uma tentativa de desescalar as tensões entre os países e pedir que ambos desmobilizem suas Forças Armadas na fronteira. Esse conflito que já gerou quase 7 milhões de refugiados foi descrito como uma “situação volátil” pelo Departamento de Estado estadunidense, porém Blinken ainda advoca e acredita em uma resolução diplomática.
O governo de Brazzaville acusa Ruanda de apoiar as forças rebeldes do M23, o que é ecoado em testemunhos de profissionais das Nações Unidas. Por outro lado, o governo de Kigali defende-se alegando que o exército congolês está abrindo fogo contra vilas fronteiriças em seu território. Nesse contexto, as batallhas entre os rebeldes e milícias leais ao Comando Militar do Congo intensificaram-se em diversas províncias, tais quais Ituri, Kivu e Tanganyika. Como consequência desse embate, tem-se o que a Organização Internacional para Migração classificou como a maior crise humanitária interna de deslocamento de pessoas, na qual milhares foram mortos e milhões precisaram realocar-se.
Os combates diretos reacenderam após 6 meses de uma frágil estabilidade e já causaram novas migrações das províncias de Rutshuru e Masisi. Como resposta, governo de Brazzaville arquitetou uma coalizão de milícias conhecida como Wazalendo, e o agravamento do confronto provocou a retirada das tropas do Burundi que estavam no país supervisionando um tratado de cessar-fogo. Além deles, atualmente as forças armadas do Quênia, Sudão do Sul e Ugandas possuem estações na República Democrática do Congo a fim de oferecer suporte às tropas do Estado. Nesse sentido, Tshisekedi já fez declarações questionando a efetividade da Força Regional da Comunidade Africana, o que levanta mais empecilhos a uma possível dissolução desse conflito e levanta preocupações que o presidente use a situação para garantir que seja reeleito nas eleições nacionais a serem promovidas ao final deste ano.
Fontes:
https://www.sabcnews.com/sabcnews/892838-2/
Fundo de Ruanda para gerenciar resíduos plásticos cria 1300 empregos
14/11/2023
Por Mariana Mendes Azevedo Reis
Estão em curso as negociações em Nairobi, no Quênia, para um tratado global que busca acabar com a poluição por plásticos, com a Ruanda desempenhando um papel fundamental nesse processo. Tendo feito uma parceria com a Federação do Setor Privado, a Ruanda criou, em 2021, um fundo para gestão de resíduos plásticos, que foi capaz de gerar 1300 empregos verdes, e Juliet Kabera, Diretora Geral da Autoridade de Gestão Ambiental de Ruanda (REMA), partilhou a experiência do país no financiamento da recolha de resíduos em um painel sobre a mobilização de recursos para acabar com a poluição plástica.
Segundo Kabera, para que o tratado global seja eficaz, é necessário um financiamento que facilite o fortalecimento institucional, a capacitação e a transferência de tecnologia, criando os incentivos certos para alternativas sustentáveis aos plásticos. Juntamente com a Noruega, a Ruanda lidera uma coligação de governos que pretendem acabar com a poluição plástica até 2040, sendo copresidente da Coalizão de Alta Ambição para Acabar com a Poluição Plástica.
Fonte:
Yoweri Museveni, Presidente de Uganda, rebate a expulsão do pacto comercial EUA-África Agoa
06/11/2023
Por Marcela Gonçalves Batista
O presidente de Uganda, Museveni, minimizou a decisão dos Estados Unidos de expulsar o país da Lei de Crescimento e Oportunidade Africana (Agoa), um importante acordo comercial. Na semana passada, Joe Biden anunciou antes do 20º fórum Agoa, na África do Sul, que Uganda e outros três países (Gabão, Níger e República Centro-Africana) seriam excluídos do Agoa, ameaça feita após a aprovação de uma nova lei anti-homossexualidade em Uganda. Em seguida, no domingo, o presidente Yoweri Museveni incitou aos ugandenses “a não se preocuparem demais”, afirmando que alguns atores no mundo ocidental superestimam a si mesmos e subestimam os lutadores pela liberdade na África.
O Agoa, implementado em 2000, concede a países elegíveis da África subsaariana acesso livre de impostos aos EUA para mais de 1.800 produtos. Sob esse acordo, Uganda tem exportado produtos como café e têxteis para os Estados Unidos sem pagar qualquer taxa de importação. No entanto, os EUA não são um dos principais mercados de exportação de Uganda, tornando improvável que a expulsão cause grande angústia econômica. Assim, o presidente Museveni, em sua declaração no domingo, afirmou que Uganda tem a capacidade de alcançar suas metas de crescimento e transformação, mesmo sem o apoio de alguns atores. Porém, seu assessor sênior e genro, Odrek Rwabwogo, havia alertado anteriormente que agricultores e pequenos empresários ugandenses seriam gravemente afetados pela expulsão, que entrará em vigor no início do próximo ano.
O Banco Mundial suspendeu novos empréstimos a Uganda em agosto devido à lei anti-homossexualidade, e o Departamento de Estado dos EUA alertou sobre os riscos de fazer negócios no país no mês passado. Assim, Museveni acusou o Banco Mundial de tentar “coagir” o governo usando dinheiro para abandonar a legislação controversa.
https://www.bbc.com/news/world-africa-67332642
Inundações na Somália causam estragos massivos um ano após grande seca
10/11/2023
Por Norberto Gerheim
Em virtude das fortes chuvas causadas pelo fenômeno do El Niño, inundações na Somália resultaram na morte de pelo menos 10 pessoas e tiraram mais de 113.000 de suas casas. Segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, as inundações também afetaram, temporariamente, centenas de milhares de somalis. Mais de 706.100 pessoas foram afetadas temporariamente, com mais de 113.690 temporariamente expulsas de suas casas pela água ao redor do país.
O governo decretou estado de emergência a partir de uma publicação da Agência Somali de Contenção a Desastres na rede social X. A forte chuva veio um ano após uma das piores secas das últimas 4 décadas no Chifre da África, em que, combinada com a violência e o aumento dos preços em virtude da guerra na Ucrânia, quase 43.000 pessoas perderam suas vidas, segundo a ONU.
Agências de apoio e cientistas alertaram para a mudança climática como um dos fatores principais que contribuem para o aceleramento das emergências humanitárias, em que os que mais sofrem são aqueles menos responsáveis pelas emissões de CO2.
Fonte:
https://apnews.com/article/kenya-somalia-floods-el-nino-b8923f83a95ef5eb491c14f94bdf40ed
Sete países africanos vão receber mil milhões de dólares do FMI
04/11/2023
Por Antônio Augusto Araújo Vaz
O Fundo Monetário Internacional (FMI), organização internacional que fornece empréstimos sob certas condições, que geralmente incluem reformas econômicas, a países com dificuldades financeiras, está a conceder financiamento a sete países africanos no valor de mais de 1 mil milhões de dólares.
O FMI analisou a economia de oito países africanos e o Conselho Executivo do FMI aprovou o financiamento para sete desses. Esse financiamento tem por objetivo ajudar os países a lidar com as pressões econômicas causadas pela pandemia de COVID-19, a guerra na Ucrânia e as mudanças climáticas, já que o financiamento contribui para o fortalecimento das reservas cambiais desses países, além de servir de apoio para os orçamentos e implementação de reformas econômicas.
Os países que receberão financiamento são; Somália (100 milhões de dólares), República Democrática do Congo (200,39 milhões de dólares), Ruanda (262 milhões de dólares), Tanzânia (150 milhões de dólares), Gâmbia (10,9 milhões de dólares), Comores (4,7 milhões de dólares), Senegal (276 milhões de dólares).
O financiamento será fornecido através de uma variedade de mecanismos, incluindo a Facilidade de Crédito Alargado – ECF (oferece assistência financeira a países com necessidades de financiamento a longo prazo), o Mecanismo de Resiliência e Sustentabilidade – RSF (fornece assistência financeira a países que enfrentam choques relacionados com o clima) e o Programa Monitorizado pelo Corpo Técnico – SMP (fornece assistência técnica a países que estão a implementar reformas econômicas).
O FMI também está trabalhando com países africanos fornecendo assistência técnica e financeira para auxiliar os países na implementação de reformas para assim tornar esses países mais resilientes a choques econômicos e climáticos.
Fonte:
https://www.theeastafrican.co.ke/tea/business/7-african-nations-set-to-receive-1bn-from-imf-4423358
Perspectivas Eleitorais: Protestos e o Futuro de Madagascar
17/11/2023
Por Anna Cecília de Souza Rodrigues
Após uma onda de protestos, em 16 de novembro de 2023, a população de Madagascar foi às urnas para escolher um novo presidente. Nesse sentido, é crucial ressaltar que os protestos foram motivados por várias razões.
Tais como, o atual presidente, Andry Rajoelina, ter realizado a solicitação de cidadania francesa, gerando insatisfação na população que deseja ser liderada por alguém que os represente. Além disso, há indignação devido à possibilidade de um golpe de Estado em andamento, evidenciado pela nomeação de um primeiro-ministro para um governo provisório.
Essas medidas têm encorajado a oposição a lançar campanhas apelando para que a população não participe do processo eleitoral. Em contrapartida, o presidente argumentou que o direito de votar é fundamental para os cidadãos do país.
Assim, o desfecho dessas eleições será determinante para o futuro político de Madagascar, sendo aguardado com atenção não apenas pela população local, mas também pela comunidade internacional, que observa de perto os desdobramentos desse importante momento democrático.
Eleições presidenciais em Madagascar: candidatos da oposição expressam sua preocupação com a transparência do processo
15/11/2023
Por Clara Fernandes Ramos
As eleições presidenciais de Madagascar ocorrem no dia 16 de novembro, e candidatos ao cargo têm expressado suas preocupações sobre as condições do processo eleitoral. Os dois principais candidatos da oposição, Roland Ratsiraka e Hajo Andrianainarivelo destacaram a alegada falta de transparência e a falha em atender os requisitos padrão para uma eleição justa e pacífica.
Hajo Andrianainarivelo esclareceu que o questionamento não deve ser entendido como um boicote direto às eleições, uma vez que ambos atuam como candidatos ativos. Dez dos doze candidatos da oposição clamaram aos seus eleitores que não fossem às urnas nesta quinta-feira, por preocupações com a regularidade da votação.
Para contextualizar, as últimas semanas foram marcadas por fortes embates entre Andry Rajoelina, atual presidente da ilha que concorre à reeleição, e os candidatos da oposição, que alegam um “golpe institucional” a favor do presidente. Os grupos opositores têm organizado marchas de protesto não-autorizadas diariamente, elevando as tensões políticas no país. Isso porque, em setembro, Rajoelina renunciou ao cargo para que pudesse concorrer à reeleição, em conformidade com a Constituição. Desde então, Madagascar tem sido administrada por um “governo colegiado”, chefiado pelo primeiro-ministro, aliado de Rajoelina.
Em paralelo, Andry Rajoelina segue com sua campanha na ilha, acompanhado por milhares de cidadãos fervorosos vestindo camisetas com sua imagem estampada. Seu governo se mantém firme na posição de condenação dos atos de protesto da oposição, afirmando que há o desejo de “sabotar o processo eleitoral” e acusando-os de “ameaçarem a estabilidade do país”.
