Clipping Países Amazônicos #57

FOTO:  Luís Arce

Por: Pedro Souza Andrade

04/05/24

Comissão Interamericana de Direitos Humanos denuncia possível execução e massacre de manifestantes no Peru

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) denunciou, na quarta-feira (03/05), a possível execução e massacre de manifestantes durante a repressão aos protestos contra a presidente do Peru, Dina Boluarte. Entre dezembro e fevereiro, 50 pessoas morreram nos confrontos.

O relatório da CIDH, produzido após uma visita ao Peru, atribui aos agentes do Estado a responsabilidade por múltiplas mortes de civis e pede à justiça peruana que “investigue, julgue e puna” os responsáveis. A comissão destacou episódios de uso excessivo da força, especialmente em Ayacucho, onde 10 manifestantes morreram, incluindo oito durante uma tentativa de tomada do aeroporto local em 15 de dezembro, caracterizando o incidente como um massacre.

Segundo a CIDH, as mortes, sendo perpetradas por agentes do Estado, poderiam ser qualificadas como execuções extrajudiciais. As vítimas foram atingidas na parte superior do corpo por armas de fogo, incluindo balas de borracha. O relatório também menciona que pessoas alheias às manifestações foram afetadas.

Em resposta, a presidente Dina Boluarte rejeitou as alegações de execuções extrajudiciais e massacre, afirmando que as investigações em curso devem ser conduzidas com celeridade e objetividade para determinar os responsáveis. Boluarte, que assumiu o poder em meio às manifestações após a destituição do presidente Pedro Castillo, enfrenta uma investigação do Ministério Público por genocídio, homicídio qualificado e lesões graves, embora tenha imunidade até o fim de seu mandato em julho de 2026.

Fonte: G1

10/05/24

Medellín transforma seu clima com corredores verdes: 2°C a menos em 3 anos

Medellín, conhecida como a Cidade da Eterna Primavera, está enfrentando as mudanças climáticas e o calor urbano com a criação de corredores verdes, resultando em uma redução de temperatura de 2°C nos primeiros três anos e uma expectativa de redução adicional de 4 a 5°C nas próximas décadas. A iniciativa, lançada em 2016 pelo prefeito Federico Gutiérrez, envolve 30 corredores verdes que atravessam a cidade, criando mais de 70 hectares de espaços verdes.

Esses corredores, que imitam florestas naturais com plantas nativas e tropicais, não só oferecem rotas sombreadas para ciclistas e pedestres, mas também combatem o calor urbano e melhoram a qualidade do ar. Foram plantadas 2,5 milhões de plantas e 880 mil árvores, contribuindo para a biodiversidade e a redução da poluição. Um estudo estimou que um dos corredores absorverá 160.787 kg de CO2 por ano.

Figura 1 – Avenida Oriental (Colômbia, Medellín) 

FONTE: Paula Palacio Salazar, via X @PalacioPaula

Além da redução de temperatura, houve uma diminuição nos níveis de PM2.5, melhorando a qualidade do ar e reduzindo a morbidade por infecções respiratórias. A iniciativa também aumentou o ciclismo em 34,6% na cidade. A manutenção e expansão dos corredores verdes são realizadas por jardineiros cidadãos e engenheiros florestais, muitos provenientes de comunidades desfavorecidas, treinados pelo Jardim Botânico Joaquín Antonio Uribe.

Desafios incluem a manutenção adequada dos corredores, especialmente em áreas centrais onde a poluição e o lixo podem se acumular. A administração da cidade, agora novamente sob o comando de Gutiérrez, está comprometida com a revitalização e expansão do projeto, explorando tecnologias como pavimentos geotêxteis que absorvem a chuva e favorecem o crescimento das raízes das árvores.

A experiência de Medellín inspira outras cidades, como Bogotá, Barranquilla e São Paulo, a adotarem planos semelhantes para combater o calor urbano e melhorar a qualidade de vida de seus cidadãos. A transformação de Medellín demonstra que, com vontade política, investimento e participação cidadã, é possível criar ambientes urbanos mais saudáveis, sustentáveis e resilientes.

Fonte: El Centavo

02/05/24

Equador acusa México de intromissão em assuntos internos em tribunal internacional
O Equador acusou o México de “flagrante intromissão” em seus assuntos internos ao abrigar o ex-vice-presidente Jorge Glas na Embaixada do México em Quito. A acusação foi apresentada à Corte Internacional de Justiça (CIJ), onde o Equador defendeu a entrada de sua polícia na embaixada mexicana em 5 de abril para prender Glas, que havia recebido asilo político.

Figura 1 – Forças de segurança realizam operação de transferência do ex-vice-presidente do Equador Jorge Glas, em Quito, Equador

FONTE: 06/04/2024REUTERS/Karen Toro

Durante a audiência, o líder jurídico do Equador, Alfredo Crosato Neumann, afirmou que o México usou inadequadamente suas instalações diplomáticas e interferiu no sistema judicial equatoriano. Ele também criticou as declarações do presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador sobre as eleições presidenciais de 2023 no Equador.

O México, por sua vez, argumentou que o Equador violou obrigações internacionais ao invadir sua embaixada e solicitou à CIJ medidas para proteger suas instalações diplomáticas em Quito. A CIJ iniciará deliberações e anunciará a data do veredicto em uma audiência pública. O Equador também apresentou uma demanda contra o México por violações de obrigações internacionais relacionadas ao asilo concedido a Glas.

Fonte: CNN

29/04/2024

Abandono em massa de professores na Venezuela

A crise econômica e os baixos salários estão levando muitos professores na Venezuela a abandonar suas profissões. Belkis Bolívar, professora há mais de 30 anos em Caracas, recebe menos de US$ 10 por mês, insuficiente para cobrir suas necessidades básicas. Ela e muitos outros buscam fontes de renda alternativas, como aulas particulares e venda de alimentos.

Figura 1 – Professores protestam por aumento salarial na Venezuela

FONTE: Foto: Getty Images via BBC

A situação é crítica, com cerca de 200 mil professores deixando as salas de aula nos últimos anos. Sem incentivos, as escolas estão ficando vazias, prejudicando principalmente os alunos, que têm suas aulas reduzidas e muitas vezes ministradas por pessoas não qualificadas.

Os salários dos professores na Venezuela são extremamente baixos, com a média mensal em torno de US$ 21,57, enquanto a cesta básica familiar custa cerca de US$ 535,63. O último aumento salarial foi em março de 2022, insuficiente para compensar a alta inflação e os custos de vida.

Professores estão migrando para outras profissões mais lucrativas ou deixando o país em busca de melhores condições. A falta de educadores qualificados está impactando severamente a qualidade da educação, com aulas sendo ministradas por voluntários e estudantes sem formação adequada. A crise no setor educacional é profunda, afetando o futuro de milhares de crianças e adolescentes no país.

Fonte: G1

Por: Camila Gomes Barroso

01/05/2024

Por que Colômbia é 2° país da América Latina a anunciar corte de relações com Israel

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, anunciou a ruptura das relações diplomáticas com Israel, criticando duramente as ações israelenses em Gaza contra o grupo islâmico Hamas. A declaração foi feita durante um evento em comemoração ao Dia Internacional do Trabalho em Bogotá, e marca uma mudança significativa na política externa colombiana, que historicamente considerava Israel um aliado estratégico. As relações entre os dois países vinham se deteriorando desde outubro de 2023, após um ataque do Hamas a Israel e a subsequente resposta militar israelense. Petro comparou as ações de Israel ao Holocausto, acusando-as de genocídio, e suspendeu a compra de armas de Israel após a morte de civis palestinos durante uma ofensiva israelense.

Essa ruptura diplomática é a primeira do governo de esquerda de Petro e alinha a Colômbia com outros países da região, como a Bolívia, que também romperam relações com Israel em protesto contra suas ações em Gaza. A mudança reflete um novo alinhamento geopolítico na região e uma crítica mais forte às ações militares de Israel no Oriente Médio. Além disso, a posição brasileira em relação ao conflito também tem sido tensa, com o presidente Lula da Silva fazendo declarações comparando as ações de Israel ao Holocausto, o que gerou uma crise diplomática. A decisão de Petro representa um afastamento das políticas de governos anteriores, que consideravam a Colômbia um aliado estratégico de Israel e dos Estados Unidos, especialmente na luta contra o terrorismo.

Fonte: BBC

30/04/2024

ONU relata “aumento alarmante” de desaparecimentos forçados na Venezuela

Especialistas da ONU relataram um aumento alarmante de desaparecimentos forçados na Venezuela desde dezembro de 2023, principalmente de membros do principal partido opositor e militares. Esses desaparecimentos, que envolvem detenções prolongadas e incomunicáveis, são considerados uma ameaça ao direito de voto livre com a aproximação da eleição presidencial de julho de 2024. Diversos integrantes do movimento político Vente Venezuela, liderado por María Corina Machado, foram presos, incluindo líderes fundamentais que estão incomunicáveis, o que viola seus direitos e os de seus familiares.

A ONU destacou que a recusa em reconhecer essas detenções coloca os indivíduos fora da proteção legal e solicita ao governo venezuelano que previna, erradique e sancione os desaparecimentos forçados, fornecendo informações sobre os detidos. Apesar da recente expulsão da equipe do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, Maduro declarou disposição para receber um enviado da ONU, enquanto a organização continua disposta a cooperar com o governo venezuelano para garantir os direitos dos privados de liberdade.

Fonte: CNN Brasil

22/04/2024

Venezuela: Funcionários de banco são presos em caso de suposta corrupção de estatal de petróleo

O gabinete do superintendente de bancos da Venezuela anunciou que mandados de prisão foram emitidos contra funcionários do banco Bancamiga, devido a um escândalo de corrupção envolvendo a estatal de petróleo PDVSA. Embora os nomes dos indivíduos não tenham sido divulgados oficialmente, o jornal local Últimas Notícias informou que os irmãos Daniel José, Levin Salvatore e Carmelo de Grazia Suárez, principais acionistas do Bancamiga, foram presos. Tareck El Aissami, ex-ministro do Petróleo, também foi preso este mês por suposta corrupção na PDVSA, além de ser acusado de traição e lavagem de dinheiro.

As investigações sobre a corrupção na PDVSA começaram no ano passado, revelando bilhões de dólares em contas a receber ligadas a intermediários pouco conhecidos, em meio às sanções dos EUA. O gabinete do superintendente de bancos afirmou, em comunicado nas redes sociais, que o procurador-geral emitiu mandados de prisão contra autoridades do Bancamiga por sua participação no esquema de corrupção. O Bancamiga é o sexto maior banco da Venezuela, com depósitos estimados em US$ 290 milhões, segundo consultores locais.

Fonte: CNN Brasil

24/04/2024

Após acordo entre governo e central sindical, Bolívia anuncia aumento de 5,85% no salário mínimo

A Central de Trabalhadores da Bolívia (COB) e o governo boliviano chegaram a um acordo para o reajuste dos salários. O salário mínimo será aumentado em 5,85% e o salário-base em 3%, passando o salário mínimo a ser de 2.500 pesos bolivianos. O presidente Luis Arce, ao lado dos dirigentes sindicais, anunciou o reajuste, que será retroativo a partir de janeiro, mas pago desde maio.

A negociação foi complexa, com a COB inicialmente pedindo aumentos maiores (8% no salário mínimo e 7% no salário-base), enquanto a inflação anual foi de 3,1% em março. Arce elogiou a maturidade da central sindical e afirmou que os aumentos garantem a estabilidade e o crescimento econômico do país. O cientista político Marcelo Arequipa destacou que o acordo reflete a necessidade de equilibrar os pedidos sindicais com a realidade econômica.

O aumento salarial também tem um contexto político. O partido de Arce, Movimento ao Socialismo (MAS), enfrenta disputas internas entre Arce e o ex-presidente Evo Morales. Morales, que voltou ao país em 2020 após um ano exilado, criticou o governo atual, alegando uma guinada à direita. O aumento salarial é visto como uma resposta às críticas de Morales e uma forma de combater a ideia de que o governo de Arce seria neoliberal. Morales não poderá concorrer nas eleições de 2025 devido a uma decisão judicial que limita a presidência a dois mandatos.

Fonte: Brasil de Fato

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