Clipping África Oriental #44

O colapso econômico do Sudão do Sul

15/05/2024

Por Clara Ramos

Nesta quarta-feira (15/05/24), o Think Tank International Crisis Group (ICG) publicou uma análise apontando para o cenário de forte crise econômica no Sudão do Sul: com a guerra civil em seu vizinho Sudão, o Sudão do Sul sofre com a diminuição da exportação de petróleo — principal fonte de receita para o governo local.

Isso ocorre porque, apesar de o Sudão do Sul ter se separado do Sudão em 2011, por não possuir acesso ao mar, o país continua dependente dos portos de seu vizinho ao norte para realizar a distribuição do petróleo aos mercados internacionais. Além disso, em fevereiro, um dos oleodutos — responsável por cerca de dois terços das exportações de petróleo —  do Sudão do Sul foi danificado, e não há previsão para voltar a atuar normalmente. 

Consequentemente, o Sudão do Sul já enfrenta agravamento do cenário doméstico. A escassez crônica de alimentos tende a piorar, considerando também o elevado fluxo de refugiados do Sudão buscando asilo no Sudão do Sul — já contabiliza centenas de milhares de pessoas nessa situação. Episódios de inundações catastróficas, conflitos civis no interior do país e a economia frágil também são impulsionadores da crise sul-sudanesa.

Fonte: Al Jazeera

Fonte: https://www.africanews.com/2024/05/15/think-tank-says-south-sudan-faces-an-economic-meltdown/ 

A Realidade da Doença Falciforme em Mbale, Uganda

18/05/2024

Por Anna Cecília de Souza Rodrigues

Uma região rural de Uganda, Mbale, enfrenta há algum tempo a doença falciforme, uma enfermidade hereditária que altera a forma e textura dos glóbulos vermelhos, tornando-os duros, pegajosos e em formato de lua crescente. Essas alterações dificultam o fluxo sanguíneo, causando dores, danos aos órgãos e podendo retardar o crescimento físico. A doença é mais comum em áreas propensas à malária, pois ter a doença falciforme oferece proteção contra a forma grave da malária. Na África Subsaariana, mais de 5 milhões de pessoas são afetadas pela doença falciforme.

Apesar de seu impacto significativo, a doença falciforme não é considerada uma prioridade de saúde pública na África Oriental. Além disso, não existe um banco de dados nacional de pacientes e o financiamento para o tratamento geralmente provém de organizações doadoras. No leste da Uganda, o hospital de referência de Mbale trata pacientes com doença falciforme utilizando principalmente hidroxiureia, um medicamento que pode reduzir episódios de dor intensa e outras complicações.

Mesmo com o escasso apoio governamental, a população se mobiliza para levar esperança aos pacientes. Um exemplo é Nabulo, uma mulher de 37 anos, diagnosticada com doença falciforme quando tinha apenas duas semanas de vida. Encorajada pela autoridade do hospital de referência, atualmente ela atua semanalmente como conselheira no hospital, compartilhando sua história de sobrevivência com outros pacientes. Portanto, mesmo com os desafios para enfrentar a doença falciforme,  a comunidade demonstra resiliência e solidariedade, exemplificada por indivíduos como Nabulo, que oferecem apoio e inspiração aos que enfrentam essa enfermidade debilitante.

Fonte: [AP/ Hajarah Nelwadda]

Fonte: https://apnews.com/article/uganda-sickle-cell-disease-health-c540fca5df3121ca9b0fe9d5882aaa8d

Advogados quenianos movem ação para bloquear o envio de policiais ao Haiti

17/05/2024

Por Marcela Gonçalves Batista

Advogados quenianos moveram uma ação para bloquear o planejado envio de policiais do país ao Haiti, conforme mostrou um documento judicial, poucos dias antes dos oficiais serem esperados para chegar à nação caribenha para enfrentar a crescente violência do país. Em resposta, o Tribunal Superior ordenou que a ação fosse notificada aos principais funcionários do governo e que o caso fosse ouvido em 12 de junho de 2024. 

O Quênia havia oferecido, em julho de 2023, enviar 1.000 oficiais para ajudar a enfrentar uma crise de segurança cada vez pior no Haiti, onde o aumento do controle de gangues mergulhou milhões de pessoas em uma crise humanitária. No entanto, em janeiro de 2024, o Tribunal Superior do Quênia decidiu que os policiais não poderiam ser enviados ao Haiti na ausência de um “acordo recíproco” com o governo anfitrião. Para resolver essa questão, o presidente queniano William Ruto assinou um acordo de segurança com o então primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry, em março. Nairobi esperava que esse acordo satisfizesse as objeções do tribunal e permitisse o envio dos policiais, porém, os advogados quenianos liderando o partido de oposição Thirdway Alliance, alegaram que Ruto e a polícia desobedeceram a ordem judicial ao assinar o acordo com o Haiti. 

Os advogados Ekuru Aukot e Miruru Waweru afirmaram que o governo estaria em desacato ao tribunal se prosseguisse com o envio dos policiais ao Haiti. Eles informaram que o envio impugnado poderia ocorrer a qualquer momento e pediram ao Tribunal Superior que tomasse medidas para evitar a violação da ordem judicial. O porta-voz de Ruto não respondeu imediatamente aos pedidos de comentário sobre a solicitação dos advogados. Em março, o governo queniano anunciou a pausa no envio após a renúncia de Ariel Henry. 

No entanto, Ruto afirmou que a posse de um conselho de transição no Haiti em 25 de abril tinha resolvido as preocupações sobre um vácuo de poder e que o Quênia estava agora discutindo como proceder com o envio. Na semana passada, o Comando Sul do Exército dos Estados Unidos informou que empreiteiros civis chegaram ao Haiti para construir alojamentos para a força liderada pelo Quênia. Além desse país africano, a Jamaica, Bahamas, Barbados, Benin, Chade e Bangladesh também prometeram enviar pessoal para a força de segurança. Porém, governos estrangeiros têm relutado em participar da missão, e muitos haitianos têm se mostrado cautelosos com intervenções internacionais devido a experiências anteriores com missões da ONU, que deixaram uma devastadora epidemia de cólera e escândalos de abuso sexual.

Fonte: Reuters

Fonte: https://www.reuters.com/world/africa/kenyan-lawyers-ask-court-hold-government-contempt-planned-police-deployment-2024-05-17/

Cidade ao norte de Moçambique sobre ataque de grupos armados

10/05/2024

Por Norberto Gerheim

Segundo o presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, o exército moçambicano vem combatendo grupos armados, que lançaram um ataque em massa na cidade de Macomia, ao norte do país. A cidade está situada na província de Cabo Delgado, uma região rica em gás natural onde grupos do Estado Islâmico lançaram um ataque já em 2017. Apesar da grande defesa moçambicana, surgiram diversos ataques desde janeiro deste ano.

Duas fontes ligadas à segurança falaram com jornalistas da Reuters que acredita-se que centenas de combatentes estiveram envolvidos no último ataque que aconteceu na manhã da última sexta-feira, dia 3. Por volta das 10:00 da manhã no horário local, Nyusi deu a seguinte declaração: De acordo com o presidente do país, “Macomia está sob ataque desde hoje de manhã e o confronto armado ainda persiste”. O presidente ainda complementa que os invasores recuaram depois de 45 minutos de confronto, mas se reagrupam e retornaram ao conflito.

Aparentemente, o ataque de sexta-feira foi o mais sério na área desde muito tempo. Tropas regionais da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), que chegaram a Moçambique em 2021, começaram a se retirar da região no mês passado, em virtude do fim do acordo de mobilização em julho. O presidente do país afirmou que esse tipo de ataque pode acontecer em períodos de transição e que espera que as forças da SADC colaborem para a paz na região. Entretanto, ainda não é claro se forças da SADC estavam envolvidas no conflito.

De acordo com dados da Organização Internacional da Migração, mais de 110.000 pessoas tiveram que sair da região desde o final do ano passado, em meio ao aumento da violência na província. A ofensiva vem após a companhia de óleo francesa TotalEnergies começar a procurar por uma reativação de um terminal de gás liquefeito natural em Cabo Delgado que foi desativado em 2021 por causa da violência. O projeto é aproximadamente 200km ao norte de Macomia, a cidade sob ataque. ExxonMobil, com parceria com a Eni, também está desenvolvendo um projeto de GLN ao norte de Moçambique e falou que na semana passada estavam “otimistas e avançando”, uma vez que a questão da segurança se desenvolveu.

 Fonte: Reuters

Fonte: https://www.aljazeera.com/news/2024/5/10/mozambiques-president-says-northern-town-under-attack-by-armed-groups

Deixe um comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.