Clipping África Austral #149

Moçambique enfrenta ataques jihadistas em Cabo Delgado

Data: 13/05/2024

Por Nicole Caires Bolivar

Nos dias 10 e 12 de maio, um grupo jihadista ligado ao Estado Islâmico atacou a província de Cabo Delgado, região norte do Moçambique, causando a migração forçada da população de Macomia e da aldeia de Missufine.

Durante o ataque, ao menos 10 pessoas foram mortas, em sua maioria integrantes de forças de segurança do país. O grupo jihadista ocupou as principais vias de acesso a Macomia por cerca de 24 horas. Além das mortes, houve saqueamento de alimentos e apreensão de veículos utilizados por Organizações da Sociedade Civil como o Médicos sem Fronteiras.

O atentado organizado pela insurgência jihadista – que ocupa o país desde 2017 – ocorreu em meio ao fim do mandato da Missão da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral em Moçambique (SAMIM), que encontra-se em processo de retirada progressiva do país. A sede da SAMIM também foi atacada durante o conflito. 

O grupo desocupou a cidade no dia 12, levando os veículos roubados e as cargas saqueadas. 

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 100.000 pessoas foram forçadas a migrar de Cabo Delgado devido aos ataques e suas potencialidades. O êxodo na região ainda é reforçado pela crítica situação climática do país. 

Fontes: AllAfrica (1) (2) (3) e DW

Fonte: Marc Hoogsteyns/AP Photo/picture alliance

Quando a Namíbia enfrenta a Alemanha, isso mostra que Gaza revolucionou o Sul Global

Data: 15/05/24

Por Carolina Iglezias Tobias

A Namíbia foi um dos primeiros países a assumir uma posição contra o genocídio israelense contra Gaza, atendendo ao chamado de solidariedade dos palestinos. Apesar de ambos os países terem identidades étnico-religiosas diferentes, suas experiências históricas são semelhantes, de colonização, exploração, luta e resistência coletiva, que une os países do Sul Global.

A Namíbia é habitada desde a pré-história, estabelecendo um senso de pertencimento ao território e uns aos outros, algo que os alemães, seus colonizadores, não entendiam ao tentarem dividir o povo e explorar seus recursos, além de massacrarem a maioria da população resistente. 

Dessa forma, embora a interseccionalidade seja muito valorizada no ocidente, as nações oprimidas e colonizadas do Sul Global frequentemente demonstram solidariedade umas com as outras. Nesse contexto, a Namíbia assumiu uma posição firme contra Israel com base na sua história, consolidando sua nação com a Palestina pelo sofrimento mútuo.

O apoio da Alemanha a Israel no conflito de Gaza é motivado por um paradigma de poder que orienta as relações entre as nações coloniais, lógica entendida pelos países do Sul Global que rege a solidariedade com a Palestina. A resiliência e a resistência do povo palestino estão inspirando esses países a lutar na recuperação de suas centralidades em relação a libertação anticolonial, sendo parte integrante do relacionamento mutável entre o Sul e o Norte Global.

Por sua vez, a África está passando por um processo de reestruturação geopolítica há anos. Com a dinâmica global a favor dos palestinos, seria hora de voltar a luta para o Sul Global, em que suas histórias sempre servirão de base para uma solidariedade significativa.

Fonte: MEMO – Monitor do Oriente Médio 

Fonte: MEMO – Ramzy Baroud

Fundação das Ilhas Seychelles inicia campanha de retribuição da comunidade

Data: 15/05/2024

Por Mariana Mendes Azevedo Reis

 A Seychelles Islands Foundation (SIF), em português “Fundação das Ilhas Seychelles”, é uma organização sem fins lucrativos fundada em 1979, que gerencia e protege os Patrimônios Mundiais da UNESCO do Atol Aldabra e do Vallée de Mai, tendo o presidente de Seychelles, Wavel Ramkalawan como patrono.

Preocupada com a conservação da biodiversidade e dos ecossistemas, a SIF trabalha na conservação da natureza em Seychelles e, mais recentemente, anunciou uma campanha de devolução, com o objetivo de promover relações mais estreitas com as comunidades que estão ao redor das duas reservas que gerencia.

Em um tópico recorrente sobre a relação dos Praslinois, população local, com o Vallée de Mai, foi feito um dos eventos da “Give back campaign”, que contou com uma doação de equipamentos para o hospital de Praslin no valor de SCR 100.000 (US$7,203). Além dessa e outras atividades que a campanha busca fazer, será criado um fundo para retribuir aos residentes de Praslin, como celebração ao 130º aniversário de Fond Ferdinand.

Busca-se também criar em Fond Ferdinand algo parecido a Domaine de Val des Prés, para que os artesãos locais tenham uma plataforma para venderem seus trabalhos. Atualmente, a Fundação já está retribuindo por meio do patrocínio de prêmios em escolas, como os vencedores da Academia Marítima de Seychelles.

Fontes: Seychelles News Agency e sif.sc

Fonte: Seychelles News Agency

Adolescente zambiano ensina lições sobre mudanças climáticas por meio da língua de sinais

Data: 16/05/2024

Por Kíria de Sá Ferraz Pereira

Bridget Chanda, de 18 anos, está ajudando a divulgar informações sobre as mudanças climáticas utilizando a linguagem de sinais. Ela interpreta aulas em uma escola onde alunos com deficiência estudam junto com alunos regulares. Ela aprendeu a linguagem de sinais por iniciativa própria. “Quando cheguei, foi desafiador para mim, porque até então eu nunca conhecia a língua de sinais. Então, como se fosse muito difícil para mim me comunicar com eles. Mas, com o passar do tempo, descobri que só preciso saber a língua de sinais para poder ajudá-los em uma ou duas coisas”, disse Bridget Chanda, intérprete de língua de sinais e aluna. 

A ativista climática e agricultora, Elizabeth Motale, também está envolvida nesta iniciativa. Ela destaca a importância na disseminação de informações para os alunos com necessidades especiais, o que tem ajudado a formar mentes na escola. “Eu entrego essas sessões para os membros da minha comunidade sobre as mudanças climáticas. Sempre que enfrentavam desafios em termos de chuva, eu os ensinava a reservar água para que pudessem usá-la naquele momento. Enfrentei alguns desafios em termos de assinar por eles, mas Bridget geralmente me ajuda quando estou entregando sessões. Ela geralmente assina por eles”, diz.

Embora a língua de sinais não seja oficialmente reconhecida em Zâmbia, o governo está tomando medidas para garantir seu reconhecimento e tornar obrigatória a educação sobre mudanças climáticas também em língua de sinais.

“Ainda temos alguns problemas iniciais à medida que melhoramos em como entregar e atender às necessidades especiais, especialmente na audição em termos de como entregamos corretamente essas informações sem diluir o contexto. E também temos áreas em que você pode ter pessoas com necessidades especiais, mas ninguém lá para realmente interpretar essas informações, especialmente no nível da comunidade”, diz Helena Chandwe, gerente de desenvolvimento empresarial da campanha para educação feminina.

Devido às condições climáticas extremas mais frequentes, como a atual seca severa, o governo zambiano incluiu mais educação sobre mudanças climáticas no currículo escolar.

Fonte: Africanews

Fonte: IPP MEDIA 

Comemoração do Dia de Zero Discriminação explicita discriminações no Lesoto

Data: 18/05/2024

Por Thainá Carmo Silva

A comemoração do Dia de Zero Discriminação de 2024, que teve como tema “Para proteger a saúde de todos, proteja os direitos”, trouxe luz sobre as discriminações sofridas por alguns grupos no Lesoto, em especial, as trabalhadoras do sexo. A UNAIDS (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids) e a KAPAL (Aliança de Populações Afetadas do Lesoto) tem se esforçado conjuntamente no combate à discriminação e ao HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis.

Ademais, para marcar o dia de comemoração, a KAPAL realizou um workshop destinado às autoridades locais, para sensibilizá-los quanto ao direito das trabalhadoras do sexo, buscando apoio contra o abuso e violação desses direitos. A organização afirma que esse grupo é o mais atingido pelo HIV, sofrendo abusos, violações e discriminação diariamente de seus clientes, bem como por outros grupos, como policiais e trabalhadores da saúde, que deveriam estar trabalhando na proteção e auxílio destas mulheres.

Uma das participantes do Workshop, Moboletsi Mabote (conselheira da Divisão Eleitoral de Mabote), afirmou não ter ciência dos problemas enfrentados por esse grupo, mas se comprometeu a atuar na proteção dessas mulheres. Além disso a Comissão Nacional de Aids do Lesoto (NAC) afirmou em comunicado que “leis, políticas e práticas que punem, discriminam e estigmatizam mulheres e meninas, populações-chave e outras comunidades marginalizadas ‘violam os direitos humanos e obstruem o acesso à prevenção, testagem, tratamento e cuidados com o HIV”‘, o que evidencia a necessidade de proteção a esses grupos e conscientização da população.

Fonte: Lesotho Times

Fonte: Lesotho Times

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