Burkina Faso estende governo militar por cinco anos
26/05/2024
Por Luiz Eduardo Leite Carmo
O governo militar de Burkina Faso havia prometido eleições em Julho para restaurar a lei civil, explicitando, porém, a prioridade com a segurança nacional. Dessa maneira, não seguindo com a promessa, os comandantes militares afirmaram permanecer no poder por mais cinco anos. É importante ressaltar que, de acordo com o presidente do comitê organizacional do processo de diálogo nacional, Colonel Moussa Diallo: “a duração da transição foi fixada em 60 meses e para a data dois de Julho de 2024”.
A carta assinada durante os dois dias de diálogo que se iniciaram no sábado, 25 de Maio de 2024, propunha aparentemente transacionar certa volta ao controle civil em um país abalado pela violência, visando que, o governo militar, que entrou ao poder em 2022, cumprisse a promessa de realizar eleições em Julho de 2024 para restaurar o poder civil.
Segundo Ibrahim Traore: “as eleições que marcaram o fim da transição devem ser organizadas antes do prazo pressuposto, se a situação de segurança permitir”. Assim, Traore também teria o direito de concorrer às eleições. Além disso, a partir dessa transição, não haveriam mais cotas para membros de partidos tradicionais na Assembleia Legislativa de Burkina Faso. Ao invés desse modelo, o patriotismo seria o único atributo necessário para a seleção de deputados. Assim, representantes da sociedade civil, de segurança e forças de defesa e deputados anteriores protestaram em Uagadugu, a capital do país, mas foram boicotados por diversos outros partidos políticos.
Tal atraso nas eleições burkinesas traz preocupações a respeito da instauração democrática tanto em Burkina Faso quanto em outros territórios da África Ocidental. No país, especificamente, grupos armados têm promovido rebeliões desde 2015, que deixaram milhares de mortos. O governo militar, dessa maneira, tem tido dificuldades para promover e resguardar suas medidas de segurança, motivo justificador de sua tomada do poder em 2022.
Além disso, é relevante ressaltar que o governo militar cortou relações com a França, colonizador histórico do país, voltando-se para Rússia em busca de suporte securitário. Atualmente, cerca de metade do território de Burkina Faso permanece fora do controle governamental.
Líder militar de Burkina Faso, Ibrahim Traore. Fonte: Al Jazeera
FONTE: https://www.aljazeera.com/news/2024/5/26/burkina-faso-extends-military-rule-by-five-years
Separatistas matam pelo menos 11 pessoas no sudeste da Nigéria, diz o exército
31/05/2024
Por Maria Luiza de Carvalho Allo
Segundo militares nigerianos, grupos separatistas foram responsáveis pela morte de ao menos 11 pessoas em um ataque “surpresa” a um posto de controle no sudeste do estado de Abia, sendo essa a mais recente de uma série de invasões na região. O exército responsabiliza o movimento separatista do Povo Indígena de Biafra (IPOB) pelo ataque que matou seis civis e cinco soldados implantados no cruzamento de Obikabia, na cidade de Aba, de acordo com o porta-voz da defesa, major-general Edward Buba.
Buba se pronunciou após os ataques, proferindo: “Os militares serão ferozes em sua resposta. Vamos trazer uma pressão militar esmagadora sobre o grupo para garantir sua derrota total”. Outrossim, o grupo IPOB, que quer um estado separado para o povo étnico Igbo no sudeste da Nigéria, negou que estivesse por trás dos ataques. “Condenamos o ataque a militares de plantão em Aba”, disse a porta-voz Emma Powerful, culpando “criminosos” politicamente motivados.
O ataque ocorreu quando a região relembrava as pessoas que morreram como resultado de uma guerra civil de três anos, que eclodiu em 30 de maio de 1967, depois que os oficiais do exército Igbo declararam um estado independente de Biafra. Mais de um milhão de pessoas morreram no conflito, principalmente de fome.
Em pronunciamento o IPOB alega ter emitido uma ordem rigorosa para que as pessoas permanecessem dentro de casa no chamado “Dia do Biafra”, acrescentando que não havia atingido em um “momento de luto”. Já o governo nigeriano proibiu o IPOB como uma organização “terrorista” e o acusou de alimentar tensões étnicas alegando genocídio contra Igbos.
Nos últimos anos, os ataques armados têm tido como alvo a polícia, soldados e escritórios eleitorais no sudeste da Nigéria, com as autoridades responsabilizando a ala paramilitar da Rede de Segurança Oriental do IPOB. Diante de tais alegações, o líder do movimento, Nnamdi Kanu, um cidadão britânico preso no Quênia em 2021, está em julgamento na Nigéria por acusações de terrorismo. A agitação na região sudeste intensificou a pressão sobre o governo e os militares, com esses já desgastados devido a ataques e sequestros no noroeste, uma rebelião de 15 anos no nordeste e confrontos na região central.
Patrulha do exército nigeriano no estado de Kaduna, 9 de março de 2024. Fonte: Sunday Alamba/AP Photo
FONTE: https://www.aljazeera.com/news/2024/5/31/nigeria-114
Sob patrocínio da Orange: Associação de Bôr planta árvores na beira da estrada para proteger o ambiente
05/06/2024
Por Luize Pavani Cunha Gava
No dia 5 de junho é celebrado o Dia Mundial do Meio Ambiente, em concordância a isso, a Associação Colaboração de Bôrem, em parceria com a ONG MELDA, plantaram cem cem árvores no meio-fio da estrada que liga Bôr a Prabis, na região de Biombo, no norte de Guiné-Bissau. Essa iniciativa foi patrocinada pela empresa de telecomunicações Orange Bissau, e tem por objetivo tornar a cidade e os bairros periféricos mais verdes e sustentáveis.
A diretora representativa da Orange Bissau, Yasedhara Cynira Casimiro Gomes afirmou que “A plantação das árvores visa reforçar, impactar todas as ações sociais que estão a ser desenvolvidas, porque servirá de uma proteção para a geração vindoura e do ecossistema em geral”, além de falar que a plantação de árvores faz parte de um dos principais eixos da empresa para ajudar na proteção do meio ambiente.
A representante ainda destacou que 60% de suas antenas são alimentadas por painéis solares, como forma de demonstrar seu compromisso com a preservação do meio ambiente para garantir uma melhor qualidade de vida. Ela incentivou as comunidades locais a se envolverem na proteção ambiental. A vice-coordenadora da Associação Colaboração, Grezelena Solange Silva Nosoliny também ressaltou a importância do envolvimento de todos os moradores na preservação ambiental para o bem-estar de todos os seres vivos.
Grezelena Nosoliny destacou que a plantação de árvores contribui para o ecossistema e melhora a qualidade do ar, afirmando a disposição da associação em continuar colaborando com parceiros para o desenvolvimento do país. Ela apelou para que toda a sociedade continue cuidando e amando o meio ambiente. Saudia Pina Mango, coordenadora da ONG MELDA, confessou que a organização foi criada para promover a inclusão das mulheres nas decisões sobre desenvolvimento sustentável.
Saudia Mango apelou à empresa para continuar com suas iniciativas ambientais e promover a conscientização ambiental entre seus colaboradores. Mango lembrou que todos os recursos humanos dependem do meio ambiente, destacando a necessidade de ações contínuas para garantir um futuro sustentável.
Plantação de árvores na Guiné Bissau. Fonte: O Democrata
FONTE: https://www.odemocratagb.com/?p=48912
A violência obstétrica e a falta de assistência na maternidade: uma realidade da Nigéria
30/05/2024
Por Ana Clara do Nascimento
A violência obstétrica é definida pela OMS (2017) como a imposição de sofrimento e dor evitáveis, sendo consequência de uma ação ocasionada por profissionais da saúde, falhas estruturais clínicas, tanto em hospitais públicos ou particulares. Este tipo de violência é caracterizado por um atendimento desumanizado, contendo diversas ações intervencionistas e abusivas, englobando violência física, psicológica e sexual. A Nigéria, infelizmente, está inserida neste cenário, sendo considerada pela OMS (2017), o terceiro país do mundo, depois do Sudão do Sul e Chade, onde mulheres têm maior probabilidade de morrer durante o parto.
A situação é ainda pior no noroeste do país, onde vive mais de metade da população da Nigéria (200 milhões de habitantes). Muitas mulheres chegam frequentemente ao Hospital Jahun com complicações graves, como anemia, hemorragia e eclâmpsia. O principal problema que explica esta elevada mortalidade entre as mães, especialmente no estado de Jigawa, é a falta de acesso que as mulheres grávidas têm aos cuidados médicos, seja pré-natal ou durante o parto, devido à ausência de infraestruturas adequadas, como ambulâncias, instalações bem equipadas e centros de atenção primária.
A limitação financeira é outro problema grave que impede as mulheres de recorrerem aos poucos centros disponíveis. As dificuldades que as famílias muitas vezes enfrentam, juntamente com as taxas de inflação disparadas, tornam difícil para as pessoas pagarem muitas taxas hospitalares, medicamentos ou mesmo transporte para centros de saúde. Além disso, as crenças culturais profundamente enraizadas que determinam que as mulheres devem submeter-se às decisões dos seus maridos, mesmo em questões relacionadas com a sua própria saúde, acabam delegando a decisão do cuidado à maternidade a autorização do companheiro ou parente do sexo masculino para receber atendimento médico, e muitas vezes elas não conseguem.

Ramatu, uma mulher que teve complicações no parto, com seu bebê no hospital de Jahun (Nigéria) Fonte: Alexandre Marcou MSF
Burkina Faso é nomeada a crise mais negligenciada do mundo pela segunda vez
07/06/2024
Por Marina Vieira Cardoso
Burkina Faso foi considerada a crise de deslocamento mais negligenciada do mundo pelo segundo ano consecutivo pelo Conselho Norueguês para os Refugiados (CNR). Em 2023, o país da África Ocidental registou um recorde de 707.000 novos deslocamentos, motivados pela escalada da violência e pela deterioração da situação humanitária.
O relatório do CNR destacou três fatores principais que contribuem para a negligência dessas crises: a falta de financiamento humanitário, a pouca atenção da mídia e a ausência de iniciativas políticas e diplomáticas internacionais. Em 2023, apenas 37% do financiamento humanitário necessário foi recebido por Burkina Faso, e a cobertura midiática e o envolvimento político internacional foram descritos como “insignificantes”.
A crise no Burkina Faso é caracterizada por ataques violentos, muitos atribuídos a grupos terroristas, e pela instabilidade política após um golpe militar em 2022. As ações das forças armadas também foram alvo de críticas por supostos abusos contra civis.
Além disso, a dificuldade crescente de acesso ao país para jornalistas e organizações humanitárias reduziu ainda mais a visibilidade da crise. Em consequência, milhões de pessoas enfrentam condições extremas, incluindo insegurança alimentar e falta de serviços essenciais.
O relatório do CNR chama a atenção para a necessidade de uma solidariedade global renovada e uma resposta mais efetiva para atender as necessidades urgentes das pessoas deslocadas em Burkina Faso e em outras crises negligenciadas ao redor do mundo.

Centenas de civis morreram em ataques em Burkina Faso ao longo de 2023. Fonte: Michele Cattani/AFP/Getty Images via CNN Newsource
