Clipping África Ocidental #50

Afiliada da Al-Qaeda assume responsabilidade pelo ataque de junho em Burkina Faso

16/06/2024

Por Maria Luiza de Carvalho Allo 

Em 11 de junho foi realizado um dos mais mortíferos ataques ao exército do país da África Ocidental. Um grupo armado ligado à Al-Qaeda, Jamaat Nusrat al-Islam wal-Muslimin (JNIM), assumiu a responsabilidade pela ação que matou mais de 100 soldados de Burkina Faso na área de Mansilla, perto da fronteira com o Níger, segundo o site Intelligence Group.

O ataque relatado em Junho foi um dos mais mortíferos sofridos pelo exército da nação da África Ocidental do Sahel. Ulf Laessing, chefe do programa Sahel da Fundação Konrad Adenauer, disse à Al Jazeera que o governo está tentando combater os grupos armados, mas não recrutou soldados profissionais para o fazer. Segundo ele, “Eles recrutaram 50 mil voluntários, muitos dos quais receberam apenas um curto período de treinamento. Então eles ficam meio vulneráveis ​​a perdas e isso não é muito eficiente, infelizmente. Quase todos os dias acontecem incidentes como esse”.

Burkina Faso enfrenta atualmente uma grave situação de insegurança, com 50-60% do seu território fora do controle do governo. Apesar dos esforços, que incluem a compra de armas e uma parceria militar com a Rússia, o governo tem obtido pouco sucesso. Grupos armados ligados à Al-Qaeda e ao ISIL ameaçam a estabilidade do Sahel e usam áreas em Burkina Faso e no Mali como bases para atacar países costeiros ao sul. Recentemente, 107 soldados foram mortos em um ataque, e um local foi tomado pelos insurgentes. 

Ao longo de mais de uma década, grupos armados mataram milhares de pessoas e deslocaram mais de dois milhões no Burkina Faso. Além disso, o país liderou a lista recente do Conselho Norueguês para os Refugiados (NRC) como uma das crises de deslocamento mais negligenciadas do mundo. A violência matou mais de 8.400 pessoas no ano passado, o dobro do número de mortes do ano anterior, segundo o NRC. Cerca de dois milhões de civis ficaram presos em 36 cidades bloqueadas em Burkina Faso até ao final de 2023.

Soldados de Burkina Faso patrulando a região do Sahel. Fonte: Luc Gnago/Reuters


FONTE: https://www.aljazeera.com/news/2024/6/16/al-qaeda-affiliate-claims-responsibility-for-june-attack-in-burkina-faso

Indústria da moda se vê em impasse perante a crescente anti-LGBT+ na Nigéria

19/06/2024

Por Luiz Eduardo Leite Carmo

A Nigéria iniciou a sediar sua própria Semana da Moda em 2011, evento que desde então marca presença no calendário africano, trazendo duas vezes ao ano um show de moda com as melhores casas de design, grandes patrocinadores e audiência internacional. Assim sendo, em uma Nigéria conservadora e religiosa, a “Semana de Moda de Lagos” rapidamente se estabeleceu como um espaço para que comunidades marginalizadas e marcas não convencionais fossem vistas e ouvidas.

Marcas como Orange Culture, Maxivive e Cute-Saint marcam presença no evento com vestimentas provocantes, desafiando pré conceitos de gênero e subvertendo normas estabelecidas, trazendo à tona questões da comunidade LGBT+. Entretanto, nos últimos anos, movimentos homofóbicos e transfóbicos vêm advocando contra a presença dessas marcas, que propõem quebrar esses preconceitos através de vestimentas.

Em 2014, apesar de indignação internacional, a Nigéria aprovou uma lei que proibia o casamento homoafetivo no país, além de banir relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo e grupos de apoio aos direitos gays, prevendo punições que poderiam chegar a até 14 anos de prisão. Assim, ativistas da comunidade LGBT+ afirmam que esses sentimentos preconceituosos estão se infiltrando em um dos setores mais diversos da Nigéria: a indústria da Moda.

Com isso, a Lagos Fashion Week não publicou nenhuma foto da primeira modelo transgênero, Fola Francis, que esteve nas passarelas em 2022, e cancelou a participação da marca Maxivive após escalar modelos não binárias para a Fashion Week de Primavera-Verão de 2023. Dessa maneira, diversas dessas marcas, que vêm sendo boicotadas pelos organizadores de grandes eventos de moda nigerianos, têm preferido realizar shows e passarelas privadas, onde a moda não convencional e queer pode ser mostrada e a marca pode desenvolver-se da maneira que deseja.

Assim, esses eventos para “convidados apenas” são preparados por designers, que mantêm as localizações discretas e convidam jornalistas, influenciadores, celebridades e figuras da indústria da moda a dedo para estarem na audiência. Então, tendo em vista o movimento contra a diversidade que tem sido propagado na Nigéria, estilistas e marcas que se enquadram nesse meio, vêm os shows privados como única solução presente para continuarem se expressando e propagando uma moda que desafia princípios de sexualidade e gênero.

Cute-Saint na Lagos Fashion Week em Outubro de 2023

FONTE: https://edition.cnn.com/2024/06/13/style/lagos-fashion-lgbtq-inclusivity/index.html

Cabo Verde quer reforçar cooperação com Espanha, com foco na economia azul

19/06/2024

Por Luize Pavani Cunha Gava

 No dia 18 de junho, o Presidente da República de Cabo Verde, José Maria Neves, recebeu o Ministro dos Negócios Estrangeiros da União Europeia e da Cooperação do Reino de Espanha, José Manuel Albares. A reunião abordou o reforço da cooperação entre Cabo Verde e Espanha, com ênfase na economia azul e a possibilidade de organizar uma conferência entre Madrid e os países da África Ocidental, tendo como foco a segurança. O ministro espanhol enviou também uma mensagem do Rei Filipe VI – atual monarca da Espanha – ao Presidente de Cabo Verde.

A economia azul trata-se da utilização sustentável dos recursos hídricos, como os mares e costas, para impulsionar o crescimento econômico, melhorar a vida e manter a saúde dos ecossistemas marinhos. Este conceito destaca a importância de setores como a pesca, turismo, energias renováveis marinhas e a biotecnologia marinha, que visam um equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a proteção ambiental.

O encontro abordou também as questões anteriormente apresentadas por Neves ao Rei Filipe VI e ao Presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, sobre o fortalecimento das relações bilaterais em vários setores, especialmente o da economia azul. Outros temas abordados incluíram o combate à desertificação, a gestão dos recursos hídricos, a conservação do patrimônio cultural e a revitalização da Conferência dos Arquipélagos da Macaronésia.

A discussão de uma possível conferência entre o governo espanhol e os países da África Ocidental destacou temas como a segurança no Golfo da Guiné, a migração e o apoio ao desenvolvimento regional. Espanha é um dos principais parceiros de desenvolvimento de Cabo Verde, sendo o primeiro cliente do país e o segundo fornecedor da União Europeia, além de ser o terceiro destino dos investimentos espanhóis na África Subsaariana, especialmente nos setores das pescas e do turismo.

FONTE: https://www.anacao.cv/noticia/2024/06/19/cabo-verde-quer-reforcar-cooperacao-com-espanha-com-foco-na-economia-azul/

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