Libéria importará 50 MW de eletricidade de Gana para combater a seca
08/10/2024
Por Melissa Regis Oliveira
Uma reunião de coordenação foi realizada em 3 de outubro de 2024 na capital da Costa do Marfim, Abidjan, e organizada pela TRANSCO CLSG em colaboração com o Banco Mundial e o West African Power Pool, com o objetivo de facilitar a operacionalização da transação de importação de energia entre países da África Ocidental, especialmente à Libéria. Participaram da reunião a Liberia Electricity Corporation (LEC), a Volta River Authority (VRA), a Ghana Grid Company Limited (GRIDCo), a Compagnie Ivoirienne d’Electricité (CIE), a CI-ENERGIES (chamada de “Ivorian Party”), a TRANSCO CLSG, o Banco Mundial e o West Africa Power Pool (WAPP).
A reunião, para a Libéria, representa um passo essencial para o combate da estação seca que ocorre entre os meses de novembro e abril no país, uma vez que as consequências das mudanças climáticas somadas às características climáticas do país elevam a Libéria à um patamar de grande vulnerabilidade ambiental, sendo considerado o nono país mais vulnerável aos efeitos do impacto ambiental negativo pelo Notre Dame Global Adaptation Initiative (GAIN). Nesse sentido, para mitigar tal quadro, a Liberia Electricity Corporation (LEC) se comprometeu a tomar medidas significativas para enfrentar os desafios críticos de fornecimento de energia durante a estação seca, ao avançar nas discussões para importar 50 MW de eletricidade de Gana.
O CEO da LEC, Monie Captan, destacou a importância da reunião para enfrentar a escassez de energia durante a estação seca na Libéria ao ressaltar o impacto positivo da interconexão CLSG na capacidade da LEC de apoiar o desenvolvimento do país e impulsionar o comércio de energia na sub-região da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental). Captan também agradeceu ao governo da Costa do Marfim e aos parceiros energéticos pelo apoio contínuo e enfatizou a urgência de garantir fontes alternativas de eletricidade, esperando que as discussões levassem à formalização de contratos para a importação de energia de Gana.
Em sua fala, Mohammed Sheriff, gerente geral da TRANSCO CLSG, agradeceu o compromisso dos participantes em fortalecer a integração regional e a colaboração entre as empresas de energia da África Ocidental, destacando o papel essencial de cada parte na construção de uma rede energética integrada e resiliente. Ele também ressaltou o apoio crucial do Banco Mundial no projeto, um dos principais financiadores do projeto. Da mesma forma, o representante da WAPP, Chukwuemeka Chiatula, enfatizou a importância da reunião para estruturar transações regionais que fortaleçam o comércio de energia transfronteiriço, assegurando a confiabilidade da rede e o desenvolvimento econômico. Por fim, a economista do Banco Mundial, Tu Chi, reafirmou o compromisso da instituição em apoiar o comércio eficiente de energia na região, continuando a oferecer suporte técnico e financeiro à WAPP.
Ao final da reunião, todas as partes reafirmaram o compromisso de colaborar com a LEC para garantir o fornecimento de eletricidade da Gana para a Libéria, utilizando as redes de transmissão de alta tensão da GRIDCo, CIE e TRANSCO CLSG. A VRA e as empresas de transmissão confirmaram sua capacidade e prontidão para realizar o fornecimento. Também ficou acordado que a WAPP e a TRANSCO CLSG coordenariam discussões adicionais para finalizar os acordos técnicos e comerciais. A LEC segue comprometida em garantir um fornecimento de energia confiável e acessível, trabalhando com parceiros regionais para encontrar soluções sustentáveis para os desafios energéticos da Libéria.
Fonte: Daily Observer
FONTE: Liberian Observer
https://www.concern.net/news/countries-most-affected-by-climate-change
Conflitos afastam crianças de escolas na África Ocidental
24/09/2024
Por Laura Schneider
Conflitos na região central e ocidental da África têm destruído a educação de cerca de 2.8 milhões de crianças. De acordo com dados recentes das Nações Unidas, mais de 14 mil escolas estão fechadas na região somente no segundo semestre de 2024. Países como Nigéria, Camarões, Burkina Faso, Mali e República Democrática do Congo se destacam como aqueles que estão lidando de forma mais direta com esta crise educacional, já que suas escolas são frequentemente atacadas por grupos armados presentes na região.
Na Nigéria, mais de 15,20 milhões de estudantes estão fora das escolas, segundo dados da UNESCO. A região norte do país é a que se encontra em estado mais crítico em relação ao acesso à educação, somando 13 milhões de alunos fora das escolas. Essa situação é agravada ainda pelo aumento de casos de criminalidade na região devido à insurgência do Boko Haram, grupo terrorista nigeriano. As razões da instabilidade do país são bastante complexas e envolvem questões históricas de fronteiras e limites territoriais e a ausência de governo centralizado para combater tais conflitos. Dr Ibrahim Baba Shatambaya, professor de Ciência Política da Usmanu Danfodiyo University Sokoto, na Nigeria, afirma que o principal que eles estão enfrentando não são relacionados apenas à educação, mas a como acessar condições básicas de sobrevivência como comida, água e medicação. A educação, nestes casos, aparece como mais uma ausência na realidade de milhares de crianças do país.
Já no Camarões, regiões lideradas por grupos separatistas armados – principalmente no noroeste e sudoeste do país – somam mais de 700 mil crianças fora da escola. Devido aos conflitos da região, milhares de pessoas têm sido deslocadas e a estrutura de diversas cidades têm sido destruídas, o que dificulta o estabelecimento de atividades educacionais de forma regular.
Chama-se atenção para os impactos a longo prazo causados pela ausência de milhões de crianças na escola. Esse alto número de evasão escolar demonstram como principais consequências a alta taxa de desemprego, corrupção e adesão infantil a grupos terroristas. De acordo com o Dr. Michael Ndimancho, analista político da Universidade de Douala em Camarões, a ajuda oferecida por organizações internacionais não é suficiente para transformar este cenário. Ainda que muito importante, Ndimancho considera que os governos locais são os principais responsáveis e são eles que devem promover planos para as pessoas deslocadas e para a promoção de serviços alimentares, sanitários e de saúde.
Além disso, para aquelas crianças que continuam frequentando a escola, as condições criadas pelo conflito impossibilitam o pleno desenvolvimento e aprendizado. De acordo com Nyianchi Leondel, estudante camaronesa, o ambiente escolar é agora marcado pela presença de guardas militares e de sons de tiro ao longe.
A situação na África Ocidental chama atenção pelo número e pela seriedade das consequências a longo prazo. A falta de acesso à educação ameaça as sociedades nigerianas e congolesas, deixando-os em um cenário de violência, pobreza e falta de oportunidades.
Foto: Sunday Alamba/AP/picture alliance
REFERÊNCIA
TAKAMBOU, Mimi Mefo. Conflict keeps millions out of school in Africa. DW. Disponível em: <https://www.dw.com/en/conflict-keeps-millions-of-children-out-of-school-in-west-and-central-africa/a-70313033>. Acesso em: 27 set. 2024.
Projeto de ponte de US$15 milhões da CEDEAO para ligar a Libéria à Costa do Marfim
11/10/2024
Por Maria Paula Barbosa Rangel
A Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) possui um projeto para a construção de uma ponte sobre o Rio Cavally, o qual interliga a Libéria e a Costa do Marfim. Esse projeto demonstra a iniciativa dos Estados da região para o fortalecimento do comércio entre eles, o que ajuda a promover a interligação econômica na região, bem como a fortalecer o bloco econômico. Nesse sentido, serão desembolsados 15 milhões de dólares, por meio de um financiamento do Banco Africano de Desenvolvimento. No entanto, o projeto no total terá um custo de US$258 milhões, destinados tanto à construção da ponte como também da infraestrutura necessária para a ligação da nova construção com as estradas já existentes.
Dessa forma, esse novo projeto pretende facilitar o comércio regional, facilitando o trânsito de mercadorias e, também, de pessoas, o que contribui para o desenvolvimento econômico e social da região. Segundo o diretor de transportes da CEDEAO, Chris Appiah o projeto visa melhorar as condições de mobilidade e comércio as mais de 400 milhões de pessoas que vivem na região, uma vez que a ponte não facilitará apenas a circulação entre a Libéria e a Costa do Marfim, mas sim entre toda a região da África Ocidental.
Além disso, a construção da ponte vai gerar muitos empregos na região, ademais, a seleção dos contratantes foi feita de maneira mais inclusiva, sem beneficiar apenas um Estado, tendo a participação de profissionais de toda região. A empresa chinesa SHAANXI Construction Engineering Corporation LTD venceu a licitação para a construção do empreendimento, o qual possui um prazo de aproximadamente 2 anos para a conclusão. Sendo assim, o apoio e a supervisão dos governos da Libéria e da Costa do Marfim são necessários para a execução eficiente do projeto, respeitando os prazos, assim como as particularidades da região.
Desse modo, o projeto demonstra uma iniciativa para a integração da África Ocidental, tendo em vista o desenvolvimento tanto econômico quanto social, promovendo o acesso da população a bens e a serviços. Além de facilitar e aumentar o comércio regional e o setor de serviços, assim promovendo uma melhor qualidade de vida a população, bem como uma maior conectividade e cooperação entre as nações africanas.
REFERÊNCIA:
STEMN, Edward. ECOWAS US$15M bridge project to link Liberia to Ivory Coast. Liberian Observer, 11 out. 2024. Disponível em: https://search.app/XS32Y9aapqfHqg6NA .
PIB da Mauritânia crescerá em 4,6%
18/10/2024
Por Luiz Eduardo Leite Carmo
Entre 03 e 16 de Outubro de 2024, entidades do Fundo Monetário Internacional se reuniram com autoridades da Mauritânia com a finalidade de revisar os apoios financeiros concedidos ao país da África Ocidental. Estes encontros ocorreram em Nouakchott, capital do país, em que ao final, foi publicado um relatório técnico a respeito da economia e do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
Neste relatório, foi informado que o PIB mauritânio irá crescer 4,6% em relação a 2023, enquanto em 2023 ele cresceu 6,5% em relação a 2022. Além disso, o FMI afirma que em 2025 o PIB crescerá 4,2% em relação ao ano anterior. Essa lenta redução no crescimento econômico da Mauritânia se dá principalmente a uma redução gradual dos setores extrativo e de mineração no país, que por mais que continuem em crescimento, este é relativamente menor do que o dos anos anteriores.
Além disso, tal redução do crescimento também pode ser explicada devido aos atrasos adicionais para o início das operações de exploração do gás GTA, além de novos problemas climáticos que vêm surgindo recentemente na África. O GTA é um projeto de exploração de gás natural na fronteira marítima da Mauritânia com o Senegal.
Ademais, o Fundo Monetário Internacional afirmou que a Mauritânia também pode desenvolver-se a partir de reformas em curso, que irão garantir o desenvolvimento e estabilidade do setor financeiro no país. A organização internacional também reitera que a aplicação do novo código de investimentos criará condições niveladas de concorrência e proporcionará um crescimento liderado pelo setor privado.
Diante do contexto, durante as reuniões em Outubro com as autoridades do país foram anunciadas parcelas de programas de apoio à Mauritânia. Uma de U$8,6 milhões e outra de U$39,7 milhões, que devem ser destinados ao fomento e ao desenvolvimento econômicos no país. Tais incentivos se encontram condicionados à aprovação final do Conselho Executivo do FMI.
“Trabalhador em usina de energia abastecida com gás e diesel em Nouakchott, na Mauritânia: campo de gás em alto-mar deverá ajudar crescimento econômico.”
FONTE: https://anba.com.br/fmi-economia-da-mauritania-vai-crescer-46/
