Clipping África Oriental #45

Restrições para viagens à Ruanda são desnecessárias, após melhora da doença de Marburg

Data: 12/10/2024

Por Carolina do Carmo

A doença de Marburg, vírus similar ao do Ebola, vem há algum tempo causando fatalidades em Ruanda, o que levou a restrições nas viagens realizadas para esse Estado. No mês de setembro desse ano, o país teve uma onda forte dessa enfermidade que levou a 13 mortes. Entretanto, nessa quinta-feira (10/10), o líder da principal agência de saúde pública do país, Jean Kaseya, anunciou que a crise da doença está sob controle, o que faz com que as restrições se mostrem desnecessárias.

Apesar de não existir nenhuma vacina ou tratamento aprovado para a doença de Marburg, Ruanda recebeu, recentemente, 700 doses de protótipos de vacinas vindas do Instituto Sabin de Vacinas, localizado nos Estados Unidos. Até agora, mais de 200 doses foram aplicadas nos casos de emergência, nas pessoas que trabalham na linha de frente e em pessoas que tiveram contanto com infectados. Isso foi um dos fatores que levou ao Centro Africano de Controle e Prevenção a Doenças a afirmar que as chances do vírus se espalhar para fora de Ruanda são remotas.

Contudo, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, após atualizar seus dados sobre viagens, passou a sugerir que não sejam realizadas viagens não necessárias ao país e, a exigir que seja feito um tipo de triagem com as pessoas que estiveram em Ruanda recentemente. Essa medida gerou descontentamento nas autoridades ruandesas e no Centro Africano de Controle e de Prevenção a Doenças. Esses afirmaram que, devido a uma certa incidência de casos de recuperação da doença e da transparência que o país sempre teve ao falar sobre essa epidemia, os Estados Unidos não deveriam ter tomado essa decisão.

Atualmente, muitos dos casos tem sido registrados na fronteira com o Congo, Burundi, Uganda e Tanzânia, porém a Febre Hemorrágica de Marburg também chegou à Angola, ao Kenya e à África do Sul. Por ser uma doença com 88% de chance de fatalidade, caso não haja acompanhamento médico, é pedido à população que o contato seja evitado para diminuir o risco de contaminação. Os mais infectados são os trabalhadores da área da saúde, mas mesmo assim a embaixada dos Estados Unidos ainda recomenda que seus funcionários trabalhem de casa, visto que a doença pode ser passada através de superfícies contaminadas. 

FONTE:/www.africanews.com/2024/10/11/travel-bans-unnecessary-as-rwandas-marburg-fever-situation-improves/ 


Nações africanas formam aliança tríplice para confrontar a Etiópia

Data 13/10/2024

Por Laura Silveira

Em 10 de outubro, ocorreu uma cúpula em Asmara, capital da Eritreia, na qual Egito, Somália e Eritreia formaram uma aliança tripartite com o objetivo de confrontar a Etiópia, que possui questões não resolvidas com os dois primeiros Estados mencionados. Essa aliança pode representar um caminho para uma eventual negociação de paz ou aprofundar ainda mais as rivalidades regionais entre os países.

A aliança é de grande importância, especialmente após o aumento das tensões entre a Somália e a Etiópia. O conflito entre os Estados vizinhos teve origem na luta pela independência da Somalilândia, que, após tornar-se independente do Reino Unido em 1960, uniu-se voluntariamente à Somália. No entanto, em 1991, a região separou-se da Somália e declarou-se novamente soberana. Em janeiro deste ano (2024), a Etiópia reconheceu a independência da Somalilândia, o que desagradou o governo somali e levou os países a se aproximarem de um conflito armado. 

Assim como a Somália, o Egito possui questões não resolvidas com a Etiópia devido a uma barragem construída pelo governo etíope no Rio Nilo. O Egito afirma que sua população em rápido crescimento – cerca de 100 milhões de habitantes – depende do rio para o fornecimento de água potável, enquanto a Etiópia defende que a barragem ajudará seus 110 milhões de cidadãos a saírem da pobreza.

Por outro lado, a Eritreia não possui problemas com a Etiópia, como seus aliados. No entanto, o Estado do Chifre da África decidiu abandonar sua neutralidade em relação ao país vizinho a fim de atuar como mediador na crise regional e ajudar a equilibrar a balança de forças, que pendia para o lado etíope.

Outro fator que aumentou a tensão na região foi a entrega de armas pelo Egito à Somália, conforme constatado pela Etiópia. De acordo com o site The Africa Report, o carregamento continha artefatos de artilharia e de defesa antiaérea, servindo como complemento a um envio de armas realizado por aviões egípcios em agosto.

No mesmo dia da cúpula, o General Birhanu Jula, chefe das Forças de Defesa Nacional da Etiópia (ENDF), abordou o assunto, afirmando que a Etiópia é “incapaz” de “nos confrontar” e de “proteger a capital Mogadíscio” em caso de conflito. “Ele deveria proteger seu espaço antes de confrontar a Etiópia com armas fornecidas pelo Egito”, declarou o general, que costuma fazer declarações duras em relação à Somália, projetando uma guerra capaz de desintegrar a região. Em contraste, a Somália adotou um discurso mais cauteloso: “Addis Abeba é nosso vizinho; temos cooperado juntos por um longo tempo, embora mais tarde sua liderança tenha surgido como um fator de instabilidade na região. Mas ainda assim, defendemos a paz e não achamos que tal reunião em Asmara tenha algo a ver com a Etiópia.”

Presidentes da Somália, Hassan Sheikh Mohamud (esq.), e do Egito, Abdel Fattah el-Sisi, na assinatura de acordo de segurança em agosto de 2024 (Foto: divulgação/governo da Somália)

FONTE: https://areferencia.com/africa/nacoes-africanas-formam-alianca-triplice-para-confrontar-a-etiopia/ 


Quênia espera o desembolso de um mega empréstimo do FMI até dezembro

Data: 13/10/2024

Por Lucas França de Oliveira

Com o agravamento das problemáticas econômicas vividas pelo país e o aumento da insatisfação geral da população, o Quênia recorreu ao Fundo Monetário Internacional visando negociar o adiantamento de certos empréstimos combinados com a organização internacional. Seguindo seu modelo padrão de funcionamento, o Fundo estabeleceu em 2021 um planejamento para alcançar um novo nível de estabilidade no país africano, se disponibilizando para realizar empréstimos monetários desde que o Quênia cumprisse com certas condições. 

Sendo assim, foram recomendadas diversas políticas de redução de gastos públicos, combate a práticas protecionistas e adoção de demais políticas de austeridade sob a justificativa de reformar parcialmente a economia do país para que este alcance um crescimento auto sustentável. Enquanto essas ações estiverem sendo adotadas e comprovadas, o Fundo periodicamente – por meio daquilo que é chamado de Revisões – analisa a situação atual e efetiva o empréstimo de acordo com a necessidade e os valores estabelecidos.

Atualmente, agora que o Quênia está concluindo a operação de implementação de um limite de déficit fiscal de apenas 4,3% do Produto Interno Bruto, este está apto para receber a parcela do dinheiro faltante. Apesar do acordado ter sido a divisão do projeto em 8 etapas, concluída a sexta parcela o governo queniano está solicitando ao FMI o adiantamento das últimas duas Revisões para ter acesso ao valor total – de 978 milhões de dólares – em sua íntegra, o que pode atender às necessidades econômicas emergenciais do país.

Este esforço está sendo comandado por William Ruto, presidente do Quênia, que busca apaziguar a revolta da população com o Fundo visto que esta se engajou em protestos pelo país criticando as condições impostas pela Organização. Os quenianos apontam que a rigorosidade das recomendações podem acabar prejudicando a curto prazo a economia do país, o que teria impacto direto em suas vidas. Para solucionar esta questão, Ruto negou as propostas do FMI à pedido da população e busca agora esse adiantamento para finalizar o projeto visando satisfazer tanto sua população quanto um ator central para o financiamento de sua economia.

Fonte: EAST AFRICAN NEWS | AFP

FONTE: https://www.theeastafrican.co.ke/tea/business-tech/kenya-eyes-mega-imf-loan-disbursement-by-december-4792590 e https://www.aljazeera.com/news/2024/7/7/why-are-kenyans-angry-with-the-imf 


Madagascar terá papel demonstrativo na cooperação China-África

Data: 12/10/2024

Por Mikael Tabatas Carvalho e Silva 

Durante a Cúpula do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC), realizada em setembro de 2024, o presidente de Madagascar, Andry Nirina Rajoelina, destacou a importância de ampliar a colaboração com a China, particularmente no setor agrícola. Em entrevista à China Central Television (CCTV), Rajoelina afirmou que Madagascar, por sua posição estratégica e biodiversidade, servirá como um exemplo na cooperação entre a China e os países africanos.

Madagascar, que estabeleceu relações diplomáticas com a China em 1972, foi um dos primeiros países africanos a assinar o documento de cooperação da Iniciativa Cinturão e Rota, consolidando-se como um ator relevante no desenvolvimento de parcerias estratégicas com a China. Em setembro de 2024, o país elevou suas relações bilaterais com a China ao nível de parceria cooperativa estratégica abrangente, reforçando o compromisso de ambas as nações com projetos de desenvolvimento agrícola e de transição nesse setor.

Além de sua relevância no continente africano, Madagascar também é conhecido como um dos principais hotspots de biodiversidade do mundo, abrigando espécies endêmicas importantes. A cooperação com a China poderá abrir novas oportunidades para o desenvolvimento sustentável e para o fortalecimento das capacidades agrícolas de Madagascar, tornando o país um exemplo na integração das agendas de desenvolvimento da China com o continente africano.

O presidente Rajoelina vê na parceria com a China um catalisador para o crescimento agrícola e econômico de Madagascar, destacando que a localização estratégica e a rica biodiversidade do país são ativos essenciais para essa colaboração.

Fonte: Bastillepost

FONTE: https://www.bastillepost.com/global/article/4237790-madagascar-to-play-demonstrative-role-in-china-africa-cooperation-president


Comores recebe apoio de mais de 9 milhões de euros do Banco Africano de Desenvolvimento para digitalizar a economia

Data: 13/10/2024

Por Isadora Silveira de Almeida

O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) anunciou a concessão de um financiamento de 9,18 milhões de euros às Ilhas Comores, destinado a impulsionar a digitalização da sua economia. O apoio financeiro visa fortalecer o ecossistema digital do país, melhorando a conectividade e ampliando o acesso a serviços digitais essenciais, especialmente para a população rural. A iniciativa faz parte de um esforço maior do governo comorense para modernizar setores chave, promovendo crescimento econômico sustentável por meio da inclusão digital.

O projeto será implementado em diversas fases, com foco em expandir a infraestrutura digital, promover a inovação tecnológica e capacitar profissionais em habilidades digitais. Além disso, espera-se que a digitalização melhore a eficiência administrativa, ao tornar os serviços públicos mais acessíveis e reduzir a exclusão digital, um desafio significativo enfrentado pelas ilhas.

A digitalização também deverá beneficiar setores estratégicos, como educação, saúde e agricultura, além de fomentar o empreendedorismo digital. A inclusão digital rural é uma das prioridades do governo comorense, que espera reduzir desigualdades regionais, oferecendo às comunidades distantes maior acesso a serviços essenciais e novas oportunidades de desenvolvimento econômico.

A implementação desse projeto faz parte da visão estratégica das Comores para 2030, que almeja transformar o país em um hub digital regional. O financiamento do BAD vem em um momento crucial, visto que o país busca diversificar sua economia e melhorar as condições de vida da população.

Fonte:https://www.afdb.org/pt/noticias-e-eventos/comunicados-de-imprensa/comores-banco-africano-de-desenvolvimento-concede-mais-de-9-milhoes-de-euros-para-digitalizar-economia-74517

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