Clipping África Oriental #45

Aliados africanos de Putin derrubam acidentalmente avião com mercenários russos

22/10/2024

Por Laura Silveira

No dia 21 de outubro, um avião civil Illyushin II-76, que transportava suprimentos para os rebeldes da Força de Apoio Rápido (RSF) no Sudão, foi acidentalmente abatido pelas próprias forças paramilitares sudanesas na região de Darfur do Norte.

A RSF do Sudão registrou em vídeo o local da queda do avião, onde foram encontrados passaportes russos e documentos de “mercenários estrangeiros”. Segundo o Kyiv Independent, a RSF está alinhada a mercenários russos, portanto, o ataque foi resultado de “fogo amigo”. A Rússia está conduzindo investigações sobre o acidente.

De acordo com a RSF, o ataque ocorreu por volta das 4h da manhã, quando o comandante de campo Ali Rizkallah ordenou que um míssil fosse lançado para derrubar o avião. Pelo menos dois tripulantes morreram, e, segundo os documentos encontrados, a tripulação era composta por cidadãos russos experientes em pilotar aeronaves soviéticas. A carga a bordo provavelmente consistia de equipamentos militares, coincidindo com os relatos de que os rebeldes da RSF estão recebendo apoio material dos Emirados Árabes Unidos, já que o avião era operado por uma empresa do país, a New Way Cargo. No entanto, Abu Dhabi afirma que sua ajuda é humanitária.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia e o Ministério da Defesa dos Emirados Árabes Unidos não comentaram o incidente. Segundo a CNN, a RSF tem colaborado com o regime de Vladimir Putin por meio do Grupo Wagner na guerra atual contra o governo do Sudão. O grupo paramilitar forneceu armas e mísseis à RSF, enquanto o líder do Sudão, Abdel Fattah al-Burhan, pediu ajuda à Ucrânia no ano passado, afirmando que a interferência russa tem sido um desafio para sua liderança.

FONTE: https://areferencia.com/africa/aliados-africanos-de-putin-derrubam-acidentalmente-aviao-com-mercenarios-russos-a-bordo/ 

Guerra civil no Sudão ameaça estabilidade regional e intensifica crise humanitária

26/10/2024

Por Isadora Silveira de Almeida

A guerra civil no Sudão continua a se intensificar, e a comunidade internacional alerta para os riscos crescentes de instabilidade na região. De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o conflito, que opõe o Exército Sudanês e as Forças de Apoio Rápido (RSF), além de ter impacto devastador no país, pode se estender para as nações vizinhas. O FMI destaca que o prolongamento da violência representa uma ameaça significativa para a estabilidade política e econômica do leste e nordeste da África, colocando em risco a segurança de países que já enfrentam dificuldades internas, como o Chade e a Etiópia.

Em meio ao conflito, grupos de ajuda humanitária relataram um massacre na região de Gezira, onde dezenas de civis foram mortos em ataques realizados pela RSF. O episódio, que deixou dezenas de mortos, ilustra a escalada de violência e os danos colaterais que recaem sobre a população civil. Organizações de direitos humanos têm denunciado o aumento das atrocidades e a situação cada vez mais precária das comunidades afetadas, que enfrentam escassez de alimentos, água e assistência médica.

A situação humanitária no Sudão continua a se deteriorar, com milhões de pessoas deslocadas internamente e muitas outras fugindo para países vizinhos. Essa crise de refugiados não só aumenta a pressão sobre os países que os recebem, mas também alimenta o risco de um contágio da guerra. O FMI ressaltou que uma crise prolongada pode dificultar ainda mais a recuperação econômica da região, considerando que o Sudão já enfrenta desafios econômicos estruturais que foram exacerbados pelo conflito.

O FMI e outros atores internacionais têm instado a comunidade global a intensificar os esforços diplomáticos para buscar uma resolução pacífica e estabilizar a situação no Sudão. A entidade alerta que, sem uma intervenção significativa, o conflito pode gerar consequências irreversíveis para a segurança e o desenvolvimento econômico da região, impactando especialmente países fronteiriços e aumentando a vulnerabilidade de uma população já fragilizada pela guerra.

Fonte: https://www.aljazeera.com/news/2024/10/26/dozens-killed-by-paramilitary-rsf-in-sudans-gezira-aid-groups-say

Surto de doença pelo Vírus Marburg em Ruanda

26/10/2024

Por Mikael Carvalho

O Centro Africano de Controle e Prevenção de Doenças (África CDC) anunciou recentemente um surto de Doença pelo Vírus Marburg (MVD) em Ruanda, mobilizando os sistemas de saúde locais e regionais para prevenir a propagação da doença. O vírus, altamente infeccioso, é semelhante ao Ebola, com alta letalidade. A organização já enviou especialistas ao país para colaborar com as autoridades ruandesas no monitoramento e contenção do surto.

A MVD é transmitida por meio de contato direto com sangue, secreções, órgãos ou outros fluidos corporais de indivíduos infectados, ou pelo contato com superfícies contaminadas. Entre os sintomas iniciais estão febre, dores musculares e, em estágios mais avançados, hemorragias graves, que requerem intervenção médica imediata para aumentar as chances de sobrevivência. O surto foi detectado recentemente e elevou o alerta nas regiões fronteiriças e demandou ações conjuntas entre países africanos para controle e prevenção da transmissão entre fronteiras.

O África CDC intensificou suas orientações aos sistemas de saúde pública na região para rastrear potenciais casos e implementar protocolos de resposta imediata. Estão sendo distribuídos kits de proteção individual e ferramentas de diagnóstico para apoiar os profissionais de saúde locais na identificação e no tratamento de casos suspeitos. A colaboração entre diferentes entidades de saúde internacional, além do próprio África CDC, visa fortalecer a resposta, especialmente nas áreas rurais e nas fronteiras onde a vigilância epidemiológica é desafiadora.

Segundo Ahmed Ogwell Ouma, diretor do África CDC, esta situação é um teste para a capacidade de resposta rápida das nações africanas diante de surtos de doenças infecciosas. Ele afirmou que a organização está pronta para apoiar Ruanda e outras nações vizinhas na implementação de medidas preventivas e de contenção, buscando minimizar os impactos da MVD na saúde pública regional. Além disso, o África CDC também está promovendo campanhas de conscientização para educar a população sobre os riscos e as formas de prevenção da doença.

Fonte: https://africacdc.org/pt/news-item/marburg-virus-disease-outbreak-in-rwanda/

Fonte da Imagem: The New York Times

A exploração petrolífera da Turquia na Somália levanta preocupações regionais

 28/10/2024

Por Carolina do Carmo

Com a missão de explorar significativamente o petróleo e o gás da costa da Somália, foi lançada pela Turquia, uma missão em conjunto com a empresa estatal Turkish Petroleum Corporation (TPAO), a qual lidera essa operação. Durante os próximos meses, esse navio de exploração, que já se encontra em águas somalis, irá conduzir e desenvolver pesquisas sísmicas no território. 

Tal acontecimento marca uma nova fase estratégica do governo turco, no qual ele pretende expandir seu alcance energético, para além do Mar Mediterrâneo. Essa iniciativa foi abraçada de bom grado pelo governo somali, que a viu como uma maneira de aumentar o crescimento econômico de seu país, além de ser uma forma de se desenvolver a fim de um dia chegar a independência energética. 

O ministro da energia da Turquia, Fatih Donmez fez uma declaração na qual ele exprimiu como esse projeto demonstra o comprometimento turco com o desenvolvimento da Somália e que essa cooperação bilateral pode trazer muitos investimentos e uma infraestrutura extremamente benéfica para a Somália. Entretanto, essa exploração também gerou descontentamento de alguns. 

Países vizinhos da região e até alguns líderes regionais temem que essa mudança possa forçar as fronteiras marítimas e aumentar a já existente disputa por recursos fomentando, dessa forma, as tensões do cenário político delicado na região do Chifre da África. Alguns críticos afirmaram que, mesmo que esse projeto beneficie o governo da Somália, ele pode piorar e marginalizar as sensibilidades regionais, além de estimular as divisões internas. 

FONTE: https://www.africanews.com/2024/10/28/turkeys-oil-exploration-in-somalia-raises-regional-oncerns/ 

A Transformação Agrária da Tanzânia: Liderando o Caminho na Resiliência Climática e na Agricultura Sustentável

Data: 30/10/2024

Por Lucas França de Oliveira

Enquanto o mundo sofre constantemente com as consequências da crise climática atual, lutando para buscar alternativas produtivas viáveis que não agravem ainda mais a situação, a Tanzânia toma a frente deste processo desenvolvendo um sistema agrário resiliente e sustentável. Por se tratar do elemento central da economia do país, a agricultura tem recebido tratamento especial por meio de novas abordagens tecnológicas que resultaram na construção deste sistema que vem se tornando referência internacional.

Uma das protagonistas desta mudança tem sido a mandioca, alimento resistente à alterações climáticas e responsável por grande parte da renda de diversos fazendeiros. Isso se dá pois o Instituto Internacional de Agricultura Tropical em conjunto com o Instituto de Pesquisa Agrária da Tanzânia, o Instituto Oficial de Certificação de Sementes da Tanzânia, a Associação Menonita de Desenvolvimento Econômico e a Universidade de Cornell desenvolveram um sistema de sementes que entrega mais de 83 milhões de mudas saudáveis de mandioca para os produtores tanzanianos, o que permite que eles tenham uma fonte de renda estável ao longo do ano.

Outros alimentos também têm sido alvo destas organizações, como o arroz, muito importante para a economia local mas extremamente sensível às mudanças climáticas. Por se tratar de um alimento de difícil plantio, está se desenvolvendo novas variantes de arroz que consigam suportar condições extremas, se tornando assim mais estáveis e fáceis de serem plantadas. Outro exemplo é a batata doce, alimento rico em nutrientes cuja plantação está sendo incentivada para solucionar o déficit de vitamina A muito presente na população local.

Fonte da Imagem: The East African | IRRI

Alinhada a estas práticas, o programa de Estratégia de Desenvolvimento do Setor de Sementes da Tanzânia busca transformar o panorama agrário do país ao iniciar um plano para dobrar a área plantada por sementes melhoradas no país até 2030. Tudo isto resultou na ascensão tanzaniana como um dos líderes em resiliência climática, e todos estes resultados serão apresentados na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2024 (COP29) onde espera-se que outros países se inspirem pelos resultados e adotem políticas similares.

FONTE: https://www.theeastafrican.co.ke/tea/partner-content/tanzania-s-agricultural-transformation-4788136 

A busca pela cooperação econômica entre Emirados Árabes Unidos e Uganda 

05/11/2024

Por: Anna Cecília de Souza Rodrigues 

Durante o final de outubro e início de novembro, ocorreu nos Emirados Árabes Unidos o terceiro fórum de cooperação econômica bilateral entre Emirados Árabes e Uganda, com foco na promoção da prosperidade econômica mútua. Organizado pela Embaixada de Uganda nos Emirados e pela Câmara de Comércio de Dubai, o evento ofereceu uma oportunidade estratégica para comerciantes, investidores e empresas discutirem parcerias e novas oportunidades de negócios.

Os Emirados Árabes Unidos são o principal destino das exportações ugandenses, e, nesse contexto, o presidente de Uganda tem buscado ativamente atrair investimentos para o país nos últimos quatro anos. Esse esforço resultou no compromisso da empresa Alpha MBM Investments LLC de investir em um projeto de refinaria de petróleo, estimado em cerca de US$ 5 bilhões. Com o início da produção comercial de petróleo previsto para antes do final de 2025, esse projeto promete contribuir significativamente para o desenvolvimento econômico de Uganda. Além disso, os Emirados Árabes concederam à Uganda Airlines a autorização para operar voos diretos entre Entebbe, antiga capital ugandense, e Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, facilitando o transporte entre os dois países e fomentando o intercâmbio econômico.

Logo, essa cooperação bilateral tem o potencial de aumentar os investimentos em Uganda, impactando positivamente sua balança de pagamentos e promovendo o crescimento econômico. Com o aumento dos recursos governamentais, o país poderá investir em setores estratégicos, elevando o bem-estar da população.

Fonte da Imagem: Ministry of Foreign Affairs – Uganda, 2024

Fonte: https://www.theeastafrican.co.ke/tea/business-tech/uganda-mission-all-out-to-woo-investors-from-middle-east-4809196

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