Clipping África Austral #158

Namíbia pronta para eleger a primeira presidente mulher

Data: 25/11/2024

Por Marina Borges Faria 

Netumbo Nandi-Ndaitwah, vice-presidente da Namíbia, pode se tornar a primeira mulher presidente do país caso vença as eleições presidenciais na quarta-feira. Com 15 partidos competindo pela presidência e assentos na Assembleia Nacional, cerca de 1,4 milhão de cidadãos estão registrados para votar. Pesquisas preliminares indicam que Nandi-Ndaitwah e seu partido, SWAPO, estão na liderança.

Apesar do domínio histórico do SWAPO desde a independência em 1990, o partido enfrenta desafios devido a perdas eleitorais em 2019 e acusações de corrupção no setor pesqueiro. Analistas apontam que a credibilidade do partido entre os jovens está em declínio, representando um obstáculo para reconquistar apoio massivo.

Nandi-Ndaitwah prometeu criar empregos e abordar questões de igualdade de gênero, mas críticos questionam a viabilidade de suas metas econômicas. Caso eleita, ela se unirá a outras líderes africanas que fizeram história, como Ellen Johnson Sirleaf, e será incentivada a promover políticas inclusivas para mulheres.

A eleição ocorre em um contexto de mudanças políticas na África Austral, com disputas intensas e novos partidos desafiando forças políticas estabelecidas. Resultados eleitorais controversos em outros países da região refletem tensões que podem influenciar o cenário namibiano.

Fonte: Africa News

Fonte: BBC News

Namíbia está considerando em exportar todo hidrogênio verde

Data: 28/11/2024

Por Gabriela Amorim Silva

O projeto namibiano de hidrogênio verde vem ganhando espaço internacional, contudo não conseguiu espaço em seu mercado doméstico, e está analisando a chance de exportar toda sua produção. De acordo com um relatório da Agência de Energia Internacional, sobre as Oportunidades de Energia Renováveis para a Namíbia, o mercado doméstico para o hidrogênio não existe, por isso é necessário ser exportado, mas já está sendo traçado planos para o seu uso doméstico no futuro.

Por meio de análises, a África do Sul é o destino mais econômico por meio de gasodutos, visto que o transporte é feito por meio de tecnologias muito avançadas e robustas, logo, é necessário um investimento alto, principalmente se for um transporte intercontinental. Além disso, um gasoduto que liga um continente ao outro precisa levar em consideração não só aspectos econômicos, mas também geopolíticos, levando um tempo para sua construção devido às várias instituições e parte interessadas.

Até julho deste ano, o país já investiu mais de 380 milhões de dólares namibianos nos seus projetos de hidrogênio verde em consultorias e estudos e pesquisas para o desenvolvimento do transporte mais eficiente da energia. Além de investimentos nacionais, os projetos namibianos Hyphen Hydrogen Energy, Cleanergy Solutions e HyRail tiveram uma proposta de empresas governamentais europeias que totaliza em 1.7 bilhões de dólares namibianos. A União Europeia, o Ministério Federal de Educação e o Ministério Federal de Assuntos Econômicos e da Ação Climática da Alemanha são alguns dos investidores.

Fonte: The Namibian 

Fonte: The Namibian

Após hiato de 5 anos, o Festival Oceânico de Seychelles está de volta

Data: 28/11/2024

Por Mariana Mendes Azevedo Reis

O Ocean Festival, originalmente conhecido como Sub Indian Ocean Seychelles (SUBIOS), evoluiu ao longo dos anos para assim abranger uma gama ampla de atividades e setores, desde esportes aquáticos a gastronomia sustentável de frutos do mar e, após 5 anos de hiatus, o festival será sediado mais uma vez em novembro de 2024.

O festival, que acontecerá durante 3 dias, mostrará a beleza e diversidade do ecossistema marinho de Seychelles.  Com o tema “Salvaguardando Nossos Oceanos”, ele irá focar em sustentabilidade, educação e envolvimento da comunidade.

Segundo Bernadette Willemin, diretora geral de Marketing de Destinos da Tourism Seychelles, o festival é importante pois promove o oceano, segundo ela o maior ativo do país. Willemin ainda acrescentou que o festival conta com muitos parceiros, que garantem diariamente que o oceano seja protegido, algo importante para garantir o futuro das crianças do país.

O principal patrocinador do Ocean Festival é a Save Our Seas Foundation, da Suíça, e segundo sua representante, eles irão promover atividades como realidade virtual. Além dessa, também haverão diversas outras atividades planejadas, como uma exibição de estreia do documentário “Coconuts to Conservation”.

Fonte: Seychelles News Agency

Fonte: Seychelles News Agency

Angolanos do Sul pensam em trocar o país pela Namíbia

Data: 29/11/2024

Por Sarah Thiely Amarante de Andrade

Angola enfrenta graves dificuldades, destacando-se a fome, problemas na educação e deficiências no sistema de saúde. Diante desse cenário, muitos cidadãos consideram migrar para a Namíbia em busca de melhores condições de vida. Um dos motivos mais atrativos que influenciam a mudança para o país vizinho é o fato de o governo namibiano oferecer subsídios e dinheiro para a maioria da população mais necessitada.

Um dos principais fatores que impulsionam a migração angolana é a seca severa que afeta a região, especialmente em Cunene, onde mais de 200 famílias vivem em situação de extrema pobreza. Isso porque muitas dessas famílias dependem exclusivamente da agricultura como única fonte de renda, e com a falta de chuva a situação fica ainda mais difícil.

Além disso, a falta de serviços básicos em Angola, como educação e saúde, aumenta os motivos da migração para buscar melhores condições na Namíbia. Muitos cidadãos angolanos reclamam da falta de assistência governamental, sendo obrigados a buscar cuidados médicos e educação no país vizinho, onde esses serviços são mais acessíveis e possui uma maior estrutura para atender a grande parte da população.

Portanto, em busca de uma vida mais digna, seja por melhores oportunidades educacionais, acesso a tratamentos médicos ou para superar a pobreza, muitos angolanos visam se mudar para a Namíbia para terem os seus direitos básicos de vida atendidos. 

Fonte: DW

Fonte: Adolfo Guerra/DW

África do Sul assume liderança do G20 e presidente elogia legado do Brasil

Data: 01/12/24

Por Maria Vitória Lott

O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, participou do encerramento da Cúpula do G20 no Brasil, onde elogiou a liderança do presidente Lula e destacou a criação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e do G20 Social como iniciativas marcantes. Ramaphosa afirmou que a solidariedade será o tema central da presidência sul-africana no G20 de 2025, com foco em áreas como combate à fome, mudanças climáticas e governança da inteligência artificial. Ele ressaltou o conceito de “consenso suficiente” como um legado brasileiro que permite avanços mesmo diante de divergências globais.

A presidência sul-africana planeja dar continuidade ao G20 Social, promovendo diálogos inclusivos entre governos, sociedade civil e empresas. Ramaphosa enfatizou a necessidade de enfrentar desigualdades históricas e construir um futuro mais igualitário para o Sul Global. Ele convidou líderes globais para a cúpula em Joanesburgo e destacou a importância de incluir vozes diversas, com atenção especial às necessidades do continente africano, reforçando o papel da zona de livre comércio africana.

O presidente destacou a prioridade em tecnologias digitais, com foco na inteligência artificial, que deve ser utilizada para beneficiar a sociedade. Ramaphosa também elogiou o Brasil pela liderança no tema da taxação dos super-ricos e na reforma das instituições globais. Ele reconheceu os esforços brasileiros em promover avanços no combate às mudanças climáticas, o que, segundo ele, servirá como base para a presidência da África do Sul no G20.

As relações bilaterais entre Brasil e África do Sul foram reforçadas durante a cúpula, com discussões sobre cooperação e aumento das transações comerciais entre os dois países. Ramaphosa reiterou o compromisso da África do Sul com a inclusão e o fortalecimento do Sul Global, buscando aproveitar a oportunidade de sediar o G20 para abordar desafios globais e regionais. A cúpula de 2025 será uma plataforma para amplificar as vozes africanas e trabalhar em soluções para questões globais prioritárias.

 Fonte: Agência Gov

Foto: Ricardo Stuckert/PR

Namíbia elege Nandi-Ndaitwah, a primeira mulher presidente do país

Data: 03/12/24

Por Thainá Carmo 

A Namíbia elegeu a primeira mulher à presidência em toda sua história, nesta última terça, com 57% dos votos, descartando a possibilidade de um segundo turno. Netumbo Nandi-Ndaitwah faz parte do principal partido político da Namíbia, que já está no poder desde a independência da África do Sul em 1990 e passou por vários cargos de liderança no país, como o de ministra das Relações Exteriores. A Swapo (Organização do Povo do Sudoeste Africano) conseguiu conquistar 51 cadeiras no parlamento, enquanto o IPC (Independência pela Mudança), que se tornou a principal oposição, elegeu 20 das 96 cadeiras.

Entretanto, escândalos de corrupção e frustrações econômicas têm levado a Swapo a perder apoiadores, enquanto a oposição se tornou mais forte. O país sofre com o aumento do desemprego, que atinge principalmente a população mais jovem, o que Nandi-Ndaitwah afirmou que seria resolvido por meio do investimento em setores como “energia verde, agricultura e infraestrutura”.

O processo de votação passou por problemas que levaram a atraso na verificação do resultado das eleições, devido a problemas técnicos e falta de cédulas de votação. Assim como em outras eleições na região, a oposição do candidato Panduleni Itula, do IPC, afirmou haver inúmeras irregularidades no processo eleitoral, inclusive esses contratempos e afirmaram que irão recorrer do resultado.

A eleição tem sido observada de perto por investidores alemães que buscam retomar um projeto da era colonial a partir de 2028. O Projeto Hyphen pretende importar grandes quantidades de hidrogênio do país africano, o que também tem gerado controvérsias no país.

Fonte: DW

Fonte: Esther Mbathera/AP Photo/Picture Alliance

Como brinquedos de tricô conectam Orkney a prisioneiras no Zimbábue

Data: 03/12/2024

Por Mariana Mendes Azevedo Reis

A instituição de caridade GoGo Olive de Orkney, na Escócia, apoia, atualmente, 40 prisioneiras no Zimbábue, dando às prisioneiras trabalhos para tricotar animais de brinquedo e ensinado às presas da Prisão Mutare Remand como tricotar. Essa iniciativa oferece a oportunidade das prisioneiras de ganharem uma renda durante sua sentença.

Fundada em 2008 por Julie Hagan, a GoGo Olive ajudou 6 prisioneiras no seu primeiro ano e, em 2018 já celebrava 10 anos de existência, tendo crescido para um grupo de cerca de 60 mulheres atualmente. Hagan,  que estava vivendo no Zimbábue em 2007 como voluntária para uma igreja local, pensava em qual seria seu próximo passo após voltar para a Escócia e, em 2008 voltou para o país africano e colocou a ideia da instituição em prática.

Na época o país estava em meio a uma hiperinflação, se tornando uma luta para que até mesmo empresas bem estabelecidas continuassem. Após voltar para o país, ela passou meses planejando, comprando materiais e procurando um grupo de mulheres para trabalhar, porém com a elevada taxa de desemprego, Hagan conta que era difícil saber quem ajudar, foi quando uma conhecida a apresentou a autoridades na prisão de Mutare Remand e deu início ao projeto ali mesmo.

Ainda segundo Julie Hagan, o projeto oferece estabilidade e somente uma das trabalhadoras do GoGo Olive voltou a ser presa durante os 16 anos de sua existência. Os produtos são vendidos online e em lojas próximas de sua casa e, uma vez que as mulheres são soltas da prisão, elas têm a oportunidade de continuar trabalhando com a GoGo Olive em seu workshop localizado fora das premissas da prisão. Recentemente, a caridade construiu uma casa de refúgio, desenhada para ajudar mulheres em circunstâncias difíceis.

As mulheres que participam do projeto recebem o mesmo que aquelas fora da prisão para fazer os brinquedos e muitas dizem que é um espaço terapêutico, pois elas podem conversar entre si e ajudar umas às outras.

Fonte: GoGo Olive e New Zimbabwe

Fonte: GoGo Olive

Por que Joe Biden visitou Angola?

Data: 04/12/2024

Por Flávio Carvalho Brandão

Durante sua viagem de três dias para Angola, entre os dias 2 e 4 de dezembro, Joe Biden se reuniu com o presidente angolano, João Lourenço, na cidade de Luanda. Desde eleito, Lourenço tem adotado uma reorientação na política externa do país, aproximando-se dos Estados Unidos em detrimento dos antigos parceiros comerciais, China e Rússia.

Nessa oportunidade, Biden ressaltou como Angola e os Estados Unidos, embora no passado estiveram conectados por razões escravistas, hoje estão cada vez mais próximos em virtude de relações econômicas mutuamente benéficas. A principal razão da visita do presidente americano foi para consagrar os investimentos norte-americanos ao país, tendo, durante a viagem, prometido mais 600 milhões de dólares em um novo projeto. 

O novo investimento consiste na revitalização de cadeias de abastecimento ferroviário em Angola, especialmente no chamado corredor do Lobito, por meio da renovação de um conjunto de linhas férreas que ligam Angola a regiões ricas em minérios no Congo, Zâmbia e na África central.

Dessa forma, a visita buscou aprofundar as relações bilaterais entre ambos os países. Entretanto, nota-se que o avanço da presença chinesa no continente africano tem preocupado os Estados Unidos. Sendo assim, a visita de Joe Biden e o aumento dos investimentos americanos em Angola também busca aumentar a presença norte-americana no continente africano, a fim de frear a influência da China.

Entretanto, o mandato de Joe Biden vai até o dia 20 de janeiro de 2025, o que preocupa o governo angolano. Isso porque, com a troca de presidente, os acordos de investimento na região de Lobito se mostram mais incertos de se concretizarem. 

Fonte: Africa News

Fonte: Andrew Caballero Reynolds / AFP

Janusz Walus, condenado pelo assassinato de Chris Hari, herói sul-africano, será deportado

Data: 06/12/2024

Por Mariana Mendes Azevedo Reis

Janusz Walus, um extremista de direita que foi condenado pelo assassinato de Chris Hani, herói anti-apartheid da África do Sul, deverá ser deportado, aos 71 anos de idade, para a Polônia, sua terra natal. Janusz havia recebido a cidadania sul-africana em 1981, mas a mesma foi revogada após sua condenação.

Walus atirou em Hani em 1993, do lado de fora da casa do ativista sul-africano, durante um momento político tenso pelo qual o país passava, em que estava se preparando para as primeiras eleições multirraciais. Logo após o crime, Janusz foi sentenciado à morte, junto ao seu co-réu, Clive Derby-Lewis, mas a sentença foi comutada para prisão perpetua logo após a abolição da pena de morte no ano de 1995 no país africano.

No tribunal da Comissão de Verdade e Reconciliação, em 1997, Walusz admitiu que matou Hani para mergulhar o país em um estado de caos, para que assim a direita assumisse o poder. Segundo ele, sua experiência sob a Polônia comunista contribuiu para a sua decisão de assassinar Hani.

Chris Hani foi um ativista que liderou a luta contra o governo da minoria branca, tendo sido um membro-chave do Congresso Nacional Africano (ANC) e também chefe do Partido Comunista Sul-africano. Nelson Mandela, líder do ANC havia sido liberto da prisão em 1990 e muitos temiam que o assassinato de Hani iniciasse uma guerra racial. Limpho Hani, viúva de Hani, expressou angústia com a notícia e o ANC disse que sua soltura era uma lembrança da “bala que perfurou corações, assassinando um pai e camarada”.

Fonte: BBC

Fonte: AFP

91 mortos desde início dos protestos em Moçambique

Data: 06/12/2024

Por Mariana Mendes Azevedo Reis

A Secretária de Estado Adjunta para os Assuntos Africanos dos Estados Unidos, Molly Phee, apontou que muitos dos governos e sociedades da África Austral estão reavaliando o papel dos partidos de libertação e exigindo responsabilização. Isso vem ocorrendo pois muitos desses partidos estão no poder desde a conquista da independência dos países africanos.

Em Angola, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) está no poder desde 1975, quando o país conquistou a independência, assim como a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO). Já em Botsuana, o partido que estava no poder há 58 anos foi derrotado em novembro deste ano e, da mesma forma, na África do Sul, o Congresso Nacional Africano (ANC), que estava no poder desde o fim do apartheid, perdeu a maioria absoluta pela primeira vez em 2024. Na Namíbia também foi eleita, pela primeira vez, uma mulher como Presidenta da República.

Em Moçambique, após a Comissão Nacional de Eleições (CNE) anunciar em 24 de outubro os resultados das eleições deste ano, atribuindo a vitória a Daniel Chapo, apoiado pela FRELIMO, o candidato a presidência, Venâncio Mondlane, convocou protestos populares, que têm resultado em confrontos violentos com a polícia. Mondlane, que segundo a CNE ficou em segundo lugar, com 20,32% dos votos, apelou para uma nova fase de contestação eleitoral de uma semana.

Com pelo menos 88 mortos e 3.450 detidos desde 21 de outubro, a capital de Moçambique, Maputo, continua sob intensos protestos no terceiro dia da chamada fase “4×4” de manifestações. Os protestos vêm acompanhados de queima de pneus e corte dos acessos a ruas da capital e, segundo Augusto Ramos, secretário do bairro de Namiepe, de roubos e crimes. Segundo Mondlane, uma contagem separada revelou que ele recebeu 53% dos votos e Chapo apenas 36%.

Fonte: Angola24horas e Voa

Fonte: Angola24horas

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