Clipping África Austral #147

Naufrágio na Ilha de Moçambique

Data: 08/04/2024

Por Bruna Monteiro da Silva

No domingo (07/04), um barco de pesca, que estava sendo utilizado como uma balsa, virou e afundou na costa norte de Moçambique, resultando na morte de 98 pessoas, além de 2 desaparecidos. As autoridades locais afirmam que a embarcação transportava 130 passageiros no momento do naufrágio, excedendo sua capacidade máxima permitida de 100 pessoas.

O barco partiu de Lunga, na província de Nampula, com destino à Ilha de Moçambique, transportando pessoas que estavam fugindo de um surto de cólera. O secretário de Estado de Nampula, Jaime Neto, afirmou que a desinformação sobre o surto de cólera contribuiu para o pânico, levando à evacuação apressada dos moradores. 

Em resposta ao trágico acidente, na terça-feira (09/04), o porta-voz do governo, Filimão Suaze, anunciou que o Conselho de Ministros de Moçambique decretou luto nacional de três dias, do dia 10 ao dia 12 de abril de 2024. Durante este período, as bandeiras serão hasteadas a meia haste em sinal de luto e respeito pelas vítimas. 

Além disso, foi anunciada a criação de uma comissão de inquérito para investigar a fundo as circunstâncias, causas e responsáveis pelo acidente, além de apresentar recomendações ao governo. Em relação a desinformação, Filimão Suaze enfatizou a importância de campanhas de conscientização sobre as causas e o tratamento da cólera, visando prevenir futuros acidentes causados pelo pânico e pela desinformação.

No mesmo dia, a coordenadora residente e humanitária das Nações Unidas em Moçambique, Catherine Sozi, informou que uma equipe de representantes da ONU foi enviada à região afetada. Esta equipe tem o objetivo de auxiliar nas operações de resposta das autoridades locais e oferecer suporte aos sobreviventes e às famílias impactadas pela tragédia.

FONTES: All Africa, DW Brasil e G1.

Imagem do barco que naufragou na costa norte de Moçambique matando pelo menos 97 pessoas, na Ilha de Moçambique. O barco de pesca transportava cerca de 130 pessoas, quando teve problemas no final do dia 7 de Abril de 2024, ao tentar chegar a uma ilha ao largo da província de Nampula, disseram as autoridades.

Fonte: TVM/AFP

Busca por incentivos à agricultura no Malawi como solução para o aumento do fluxo migratório de jovens

Data: 14/04/2024

Por Nicole Caires Bolivar

O Malawi tem apresentado um número crescente de jovens migrando para a África do Sul e para a Tanzânia em busca de empregos e melhores oportunidades de vida. Apesar das promessas de melhorias, as condições encontradas nos países de destino não são sempre favoráveis e levam esses migrantes a condições precárias de trabalho.

Os jovens agricultores remanescentes defendem que uma das soluções para o problema é um investimento governamental na agricultura, com o objetivo de tornar o setor mais atrativo para os jovens trabalhadores.

No Malawi, o setor da agricultura não provê condições favoráveis para os jovens habitantes de regiões rurais, que também enfrentam dificuldades de acesso a serviços financeiros e falta de acesso a créditos fundamentais para a manutenção da atividade agrícola. Somado a isso, o crescimento populacional no Malawi e a necessidade de abastecimento reforça a situação.

Ainda, o acesso a mercados competitivos para os produtos nacionais também representa um impasse na fixação dessa juventude trabalhadora no país, visto que a influência de mercados internacionais tem se acentuado, provendo padrões rigorosos sobre os produtores.

De acordo com a NASFAM (Associação Nacional de Pequenos Agricultores do Malawi), para garantir a continuidade de produção sustentável de alimentos no país, o governo deve investir em jovens agricultores. Ainda, para a Associação, os jovens agricultores possuem uma capacidade maior de adotar novas tecnologias que sustentem um crescimento produtivo e aliado ao meio ambiente.

FONTE: Nyasa Times

Fonte: Nyasa Times

Brasil e Angola apresentam avanços de parceria tecnológica

Data: 16/04/2024

Por Carolina Iglezias Tobias

Em novembro de 2023, a Serpro, empresa de tecnologia do governo federal, e o Ministério das Finanças da República de Angola, através do órgão vinculado Setic-FP, assinaram um acordo de aprimoramento tecnológico. A apresentação dos resultados ocorreu durante o Web Summit Rio por um Memorando de Entendimentos (MoU), permitindo que o Brasil auxilie na transformação digital do país africano. 

Alexandre Amorim, diretor-presidente do Serpro, apontou como essa medida irá gerar muitas oportunidades para ambos, gerando impacto de tecnologia na economia, na saúde e no comércio exterior, além de reduzir o custo e aumentar a competitividade do país: “[r]eforçamos a proposta do presidente Lula de retomar a cooperação do Brasil com os países do continente africano. A gente tem feito um trabalho de mostrar quais foram as nossas dificuldades, nossas experiências, pois, no final, o objetivo de todos é entregar ao cidadão”.

O sistema tributário de Angola está recebendo uma modernização tecnológica e o Serpro é peça fundamental na Transformação Digital da Setic-FP, apoiando a entidade com suas necessidades, processos, além de suporte técnico e profissional. Dessa forma, o órgão foi auxiliado a trabalhar com mais agilidade e melhorar seu atendimento.

Para Rafael Oliveira, gerente de Negócios para Mercado Internacional do Serpro, a colaboração do Brasil na Transformação Digital de demais países é crucial: “[a] transformação digital está na pauta de todos os países. Vou dar um exemplo: temos o ‘Porto sem Papel’. O Brasil é totalmente digital para importação e exportação. Se o outro país não for digital, o Brasil tem que imprimir.”

FONTE: Serpro

Fonte: Serpro

De sonhos verdes à pesadelos ecológicos: Estados Unidos aumentam investimento na construção do Corredor de Lobito

Data: 17/04/2024

Por Thainá Carmo 

O projeto que se mostrava uma possibilidade rápida de desenvolvimento infraestrutural e econômico tem gerado preocupações em relação à possibilidade de graves impactos ambientais, em especial na Angola. O Corredor do Lobito, um projeto de desenvolvimento de uma rota comercial estratégica que visa tornar mais dinâmico o transporte de recursos energéticos verdes pela África Austral, tem sido alvo de críticas pela possibilidade de causar danos irreversíveis aos ecossistemas locais.

A construção facilitará a exportação de minerais vitais aos mercados internacionais, como o cobre e o cobalto. Mas, para reduzir a influência chinesa na região, que já investe na construção de estruturas para a Nova Rota da Seda, os Estados Unidos anunciaram na última reunião do G7 um crédito de 250 milhões de dólares para a continuidade da construção do Corredor.

Todavia, há uma forte preocupação com o impacto nas florestas tropicais angolanas, que já estão em considerável declínio desde os anos 1990. A continuidade da construção do corredor pode intensificar a desflorestação dessas regiões, o que pode ocasionar uma perturbação nos ecossistemas, secas e reduzir a biodiversidade, influenciando consequentemente nas alterações climáticas.

Portanto, fica evidenciada uma crescente necessidade de discutir as relações dicotômicas entre a busca por desenvolvimento e a preservação ambiental. E dessa forma, é importante refletir sobre como “a busca incessante do lucro, mascarada de desenvolvimento, pode levar a danos irreversíveis à biodiversidade e aos ecossistemas da Terra” (Odenge/The Voice Botswana, 2024). 

FONTES: The Voice Botswana e The Maritime Executive

Fonte: The Voice Botswana

Comunidades angolanas acusam pastores namibianos de apropriação de terras

Data: 18/04/2024

Por Kíria de Sá Ferraz Pereira

Cidadãos namibianos da região de Ohangwena estão se apropriando de terras comunitárias e as privatizando, além de se envolverem em caça furtiva e ilegal na província angolana do Cunene. O governo namibiano relatou que as relações com Angola estão sendo afetadas por pastores namibianos que entram em território angolano com seu gado para pastar, o que estaria causando tensões, podendo colocar em perigo acordos de livre circulação entre os dois países. Tais acordos, que permitem viagens sem restrições até 60 quilômetros dentro de cada país, estão em risco de colapso devido às crescentes tensões causadas pelos pastores namibianos, que enfrentam oposição crescente das comunidades angolanas. 

O governador de Ohangwena, Sebastian Ndeitunga, afirmou que a questão está gerando “tensão desnecessária entre os residentes do sul de Angola e os agricultores namibianos que levam seu gado para lá”. Autoridades angolanas acusam namibianos de não respeitarem as leis da Angola ao colocarem cercas ilegais e estruturas permanentes em áreas onde pastoreiam, sem autorização das autoridades angolanas. 

O diretor executivo do Ministério das Relações e Cooperação Internacional da Namíbia, Pensa Naanda, reconheceu que o comportamento dos fazendeiros namibianos “permanece uma causa de preocupação para ambos os países”, mas afirmou que os dois países estão determinados a resolver a situação por meio de diplomáticos.

FONTE: VOA

Fonte: VOA

África Austral atingida por surto de cólera

Data: 20/04/2024

Por João Victor Maldonado Alvim Fonseca

Zâmbia, Zimbabué e Malawi encontram-se no epicentro de surto de cólera mais mortal na região da África Austral e o estoque de vacinas para impedir a propagação da doença está esgotado. Mais de 1000 pessoas sucumbiram à cólera enquanto outras milhares foram infectadas em um dos surtos mortais que começou no início do ano. 

Os países mais afetados são a República Democrática do Congo, Moçambique, Zimbabué, Zâmbia e Etiópia, tendo a Zâmbia o pior surto da sua história, com mais de 740 mortes registradas desde do início das chuvas sazonais iniciadas em outubro de 2023. 

A cólera é uma doença bacteriana altamente contagiosa que pode causar diarreia e grave desidratação logo após a infecção. Quando bem tratada as mortes não chegam nem a 1%, mas no caso de Zâmbia já chegam a 3 % da população.    

Existem várias razões para o surto de cólera na África Austral, segundo especialista em epidemologia Yap Boum, a cólera é um indicador de desigualdade, afetando principalmente estados que estão sendo expostos a conflitos armados, insegurança política e pobreza, além de alterações climáticas. Além disso, os surtos de cólera ocorrem em áreas atingidas por desastres naturais ou em áreas pobres que carecem de água potável e saneamento básico decente, fatores presentes em todos os Estados africanos que enfrentam surto da doença. 

FONTE: DW

 Fonte: Thoko Chikondi/AP Photo/picture alliance

Concessão de anistia e milhares de prisioneiros soltos no Zimbábue

Data: 21/04/2024

Por Mariana Mendes Azevedo Reis

O atual presidente do Zimbábue, Emmerson Mnangagwa, concedeu, na última sexta-feira (19/04), anistia para 4000 prisioneiros como forma de descongestionar as prisões superlotadas do país. O perdão foi uma decisão tomada como parte da comemoração do 44º aniversário de independência do país.

Essa não foi a primeira vez que, como um esforço de descongestionar as prisões, o governo concedeu anistia a detentos. Também em 2018, cerca de 3000 prisioneiros tiveram o perdão dado a eles. Sofrendo com um problema estrutural, existem 46 prisões no Zimbabué segundo o seu Ministério da Justiça e, aquelas com uma capacidade de 17.000 reclusos, em março de 2021 elas acomodavam 23.000.

Em 2022, o Zimbabué foi classificado pelo World Prison Brief como o 75º país com as prisões mais sobrelotadas no mundo em uma lista de 203 países, tendo uma taxa de ocupação de 130%. Desde sua independência da Grã-Bretanha em 1980, o país tem dependido fortemente de instalações da era colonial para deter criminosos, pouco fazendo na construção de novas prisões enquanto, concomitantemente, a população tem crescido tremendamente no país da África Austral.

Segundo Obert Muzembe, criminologista da Muzembe Law Chambers, essa situação é culpa do declínio da economia do Zimbabué. Para ele, com a taxa de inflação alta, a sociedade se sente mais pressionada e muitos acabam recorrendo a meios ilegais para sobreviver, sendo necessárias que mudanças aconteçam para lidar com a situação. Presos que já foram perdoados no ano anterior, em 2023, e foram presos novamente não se qualificaram para a anistia recente.

FONTES: Enca, AfricaNews, AP Africa news, Al Jazeera.

Fonte: AP Africa news

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