Burkina Faso diz que acusações de massacre de HRW são ‘infundadas’
29/04/2024
Por Maria Luiza de Carvalho Allo
A Human Rights Watch (HRW), através de um relatório, acusou os militares de Burkina Faso de executarem pelo menos 223 aldeões em dois ataques em 25 de fevereiro, em Nodin e Soro, incluindo 56 crianças. As ações do Estado teriam sido parte de uma campanha contra civis acusados de colaborar com combatentes rebeldes. Diante do cenário, Burkina Faso se pronunciou, alegando que a posição da organização é baseada em “acusações infundadas”.
Segundo o ministro das Comunicações, Rimtalba Jean Emmanuel Ouedraogo, “Os assassinatos em Nodin e Soro levaram à abertura de um inquérito legal”. O ministro expressou sua surpresa de que “enquanto este inquérito está em andamento para estabelecer os fatos e identificar os autores, a HRW foi capaz, com imaginação ilimitada, de identificar ‘os culpados’ e pronunciar seu veredito”.
Paralelo ao pronunciamento de Burkina Faso, a HRW disse que seu relatório foi baseado em entrevistas telefônicas com testemunhas, sociedade civil e outros. Nesse sentido, o grupo descreveu o massacre como um “entre os piores abusos do exército em Burkina Faso desde 2015”. Segundo a organização, “esses assassinatos em massa parecem fazer parte de uma campanha militar generalizada contra civis acusados de colaborar com grupos armados islâmicos, e podem equivaler a crimes contra a humanidade”. Ademais, ressaltam a necessidade de uma investigação completa acerca dos massacres, por Burkina com o apoio da União Africana e das Nações Unidas, para proteger a independência e imparcialidade.
Outrossim, o Estado da África Ocidental alega que “A campanha de mídia orquestrada em torno dessas acusações mostra totalmente a intenção não declarada de desacreditar nossas forças de combate.” Ressaltam ainda: “Todas as alegações de violações e abusos dos direitos humanos relatadas no âmbito da luta contra o terrorismo estão sistematicamente sujeitas a investigações” seguidas pelo governo e pelo Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos.
Diante de tais aspectos, Burkina Faso suspendeu as transmissões da BBC e Voice of America após divulgarem o relatório da HRW. É válido ressaltar que a violência na região persiste por uma década, sendo alimentada por grupos armados ligados a Al-Qaeda e ao ISIS, e tendo sofrido um aumento após grupos militares tomarem o poder no país, assim como nos vizinhos Mali e Níger em uma série de golpes de 2020 a 2023.
[File: Vincent Bado/Reuters]
FONTE: https://www.aljazeera.com/news/2024/4/28/burkina-faso-says-hrw-massacre-accusations-baseless
Vitória do partido de Faure nas legislativas no antecedentes da revisão constitucional no Togo
29/04/2024
Por Ana Clara do Nascimento
Os resultados das eleições de 29 de Abril no Togo foram definidos com clareza. A União Para República (UNIR), o partido no poder, conseguiu conquistar 108 assentos em 113, isto significa que a oposição sai com ao menos 5 assentos. Quanto à taxa de participação, ascende a 61%, de acordo com os resultados comunicados em 4 de maio de 2024, pela Comissão Eleitoral Nacional Independente (CENI). Contudo, há o debate da veracidade das informações eleitorais, indicando se houve possíveis fraudes no processo eleitoral, já que Togo possui certo histórico de eleições pontuadas por fraudes e compras de votos.
Dito isto, enquanto se aguarda a validação dos resultados destas eleições legislativas pelo Tribunal Constitucional, podemos dizer que para Faure Gnassingbé (Presidente de Togo), está tudo cumprido. Na verdade, não só conseguiu, contra todas as probabilidades, conquistar a votação da nova Constituição – que agora coloca o Togo sob o domínio parlamentar – mas também obteve uma grande vitória nas eleições legislativas, o que lhe poderia permitir prolongar o seu mandato à frente de Estado, uma vez que o presidente do Conselho de Ministros é agora eleito pelo partido maioritário na Assembleia Nacional. O atual presidente também possui apoiadores internacionais da região, como a União Africana, da CEDEAO, do CEN-SAD e da OIF, que consideram todas as eleições justas e transparentes.
De modo geral, é necessária uma introspecção profunda para a oposição togolesa se quiser vencer eleições futuras. Como foco no incentivo à democracia e também equilibrar os desejos da população togolesa.
Fonte imagem: Ludovic MARIN / AFP / Archives
O que está em jogo nas eleições presidenciais do Chade?
06/05/2024
Por Luiz Eduardo Leite Carmo
O Chade é um dos países mais pobres do mundo, com quase metade de sua população estando abaixo da linha da pobreza e uma enorme quantidade de refugiados vindos do Sudão, devido aos crescentes conflitos no país. A partir disso, as eleições do Chade podem significar um fim à transição para a democracia ou a formalização da continuidade de um um governo autoritário e militar desde sua desestabilização, quando Idriss Deby, ex -presidente do Chad, faleceu em 2021.
Sob essa perspectiva, o exército do Chade é considerado uma das forças armadas mais significativas da região e apresenta forte oposição aos avanços de grupos terroristas, como o Boko Haram, o que torna o resultado das eleições importantes não apenas para os cidadãos e habitantes do país, mas também para o contexto regional. Assim, forças externas como a França apoiam a permanência militar no governo e os EUA se mostram atentos com a presença de seus militares no país
O Conselho Constitucional do país aprovou dez pré candidatos. Dentre eles, o que mais se destaca é o General Mahamat Idriss Déby, o presidente transitório que subiu ao poder pelo Partido do Movimento Patriota Salvador e que agora se candidata através da União do Chade, uma coalizão entre alguns partidos do país. O filho do ex-presidente subiu ao poder após a morte do pai, em um conflito com um grupo rebelde no norte do país. Déby pai já estava no poder há mais de trinta anos quando veio a seu falecimento, fazendo com que o exército suspendesse a constituição e decretasse um governo transitório de 18 meses, designando Mahamat, filho de Déby, como novo chefe de Estado. Assim, o novo presidente estendeu seu mandato, indo novamente contra a constituição do Chade, que proclamaria o chefe do parlamento como novo chefe estatal caso o presidente faleça durante seu mandato.
Dentre as principais oposições a Déby filho nessa corrida eleitoral, estão Succes Masra, provavelmente o opositor mais relevante e recentemente indicado como primeiro ministro do país, estabelecendo a primeira vez em que o presidente e o primeiro ministro competem pelo cargo de Chefe de Estado no Chade. Outros candidatos a presidência são: Albert Pahimi Padacke, Alladoum Djarma Baltazar, Theophile Bongoro Bebzoune, Lydie Beassemda, Mansiri Lopsekreo, Brice Mbaimon Guedmbaye, Yacine Abdermane Sakine e Nasra Djimangsar.
Estabelecido este cenário, alguns especialistas afirmam que as eleições não passam de formalidade para a continuidade de Déby no poder, o que se torna mais possível com o assasinato de Yaya Dillo, um dos principais opositores ao governo militar no Chade, e a cooperação de Mahamat com Masra. Com isso, as incertezas sobre o futuro da população e a pobreza extrema no país apenas crescem, enfatizando a importância dessas eleições e em como elas podem significar um rompimento ou permanência do governo militar no país.
Thousands attend a gathering to support Mahamet Idriss Deby, Chad’s transitional leader and candidate for the presidential election [File: Joris Bolomey/AFP]
O ministro-chefe da Serra Leoa, David Sengeh, desmascara-se
09/05/2024
Por Luize Pavani Cunha Gava
Os comentários recentes do ministro-chefe David Sengeh levantaram preocupação entre os serra-leoneses, levando à especulação de uma alegada perda de juízo e raciocínio, depois que ele cortou as suas tranças Rastafari. Muitos apoiadores do seu partido político estão insatisfeitos com o seu discurso em relação ao governo da Serra Leoa, mas o seu líder político, o Sr. Julius Maada Bio, parece ainda não ter compreendido a impopularidade de Sengeh entre os membros do partido político. Além disso, a sua nomeação como presidente do Comitê de Revisão Constitucional do Partido Popular da Serra Leoa (SLPP) é considerada um desrespeito para com os advogados do partido.
Solicita-se aos investigadores e às partes interessadas que investiguem os líderes das igrejas e mesquitas que visitaram a Casa do Estado para rezar pelo 63º aniversário do Dia da Independência de Serra Leoa. Sengeh acusou-os de roubar eletricidade, resultando em dívidas não pagas à Autoridade de Fornecimento de Eletricidade (EDSA), comprometendo assim os pagamentos a fornecedores de eletricidade como a Karpowership. As acusações de Sengeh contra instituições religiosas demonstram sua falta de respeito por elas.
Sengeh, formado em Harvard e no Instituto de Tecnologia de Massachusetts, parece ter desenvolvido um complexo de superioridade, culminando em um comentário considerado blasfemo por alguns. Ele afirmou que mesmo com Jesus Cristo, a Serra Leoa não progrediria, mostrando a sua concordância com as falhas do governo SLPP. A sua atitude arrogante é evidente na sua recusa em fornecer provas do alegado roubo de energia eléctrica, bem como na obstrução dos esforços para divulgar os resultados das eleições de 2023.
David Moinina Sengeh é considerado um dos ministros mais arrogantes e condescendentes da Serra Leoa atualmente. Suas ações e comentários controversos incitaram dúvidas sobre sua capacidade de liderança e devida adequação para a função.
Fonte Imagem: The Sierra Leone Telegraph
FONTE: https://www.thesierraleonetelegraph.com/sierra-leones-chief-minister-david-sengeh-unmasks-himself/
