Clipping África Ocidental #53

Mulheres senegalesas marchando pelo clima em Dakar

03/11/2024

Por Maria Paula Barbosa Rangel

Aconteceu a quarta edição da “Marcha das mulheres pelo clima” em Dakar, capital do Senegal, a qual tem o objetivo de sensibilizar o governo e a comunidade internacional para a necessidade da tomada de ações mais concretas frente às crises climáticas. Essa manifestação reúne centenas de mulheres senegalesas, as quais buscam lutar pela justiça climática e pela proteção do meio ambiente, bem como de suas famílias. Em um cenário próximo da COP 29, a qual será realizada no dia 11 de novembro,  as mulheres expressam seu descontentamento com a inação global diante da questão ambiental, além do fracasso da COP 28, exigindo um maior compromisso dos líderes mundiais frente a esse assunto.

A manifestação ocorreu no centro da capital de forma pacífica, as participantes marcharam carregando cartazes, nos quais demonstraram seu descontentamento e sua determinação em levar suas demandas adiante. Nesse sentido, elas reivindicam a necessidade das autoridades governamentais investirem em soluções locais, fazendo o financiamento adequado para conter os efeitos climáticos devastadores que as comunidades senegalesas já enfrentam. Dessa forma, a sua luta não é apenas pela justiça climática, mas sim pela sobrevivência de suas famílias, pela proteção de seus meios de vida e pela preservação dos recursos naturais, já escassos, que as comunidades dependem.

Um exemplo da crise ambiental no Senegal é a situação da comunidade de Soume, a qual desde 2015 sofre com a salinização da água, o que afeta a vida de mais de 2 mil pessoas. Essa salinização impede que a água seja usada para o consumo e para a agricultura, que é uma atividade fundamental para a subsistência da região. Sendo assim,  as mulheres, por meio dessa manifestação, expressam sua angústia em relação a realidade da comunidade, demonstrando a inação do governo senegalense em mitigar os efeitos desse problema, o que demonstra a falta de comprometimento dos líderes com as questões locais que são cruciais para a subsistência da população. 

Além disso, as mulheres mostraram seu descontentamento com as promessas feitas e não cumpridas pelos líderes durante as conferências internacionais sobre as mudanças climáticas, em especial a COP 28. Nesse encontro foi estabelecido que os governantes mundiais fariam fundos para ajudar os países mais pobres a lidarem com os danos causados pelas alterações climáticas. Entretanto, a maioria desses fundos não foram liberados para os projetos locais, os quais carecem de investimento, demonstrando, assim, a falta de comprometimento mundial com essas questões, especialmente para as comunidades mais vulneráveis, como a de Soume, que necessitam de apoio e financiamento urgentemente. Nesse sentido, essa movimentação feminina em Dakar é de extrema importância, uma vez que demonstra a participação ativa da população em busca de um comprometimento real das lideranças mundiais acerca das mudanças climáticas, reivindicando mudanças profundas que ajudem a salvaguardar as comunidades e o meio ambiente. 

FONTE: https://www.afrik.com/les-senegalaises-en-marche-pour-le-climat-a-dakar

Gâmbia espera mais de 11 milhões de dólares de apoio do FMI

07/11/2024

Por Melissa Regis Oliveira

A equipe do Fundo Monetário Internacional (FMI), liderada por Eva Jenkner, conduziu discussões em Washington, D.C., com autoridades da Gâmbia para avaliar a segunda revisão do programa de apoio ao país, parte do acordo de Facilidade de Crédito Alargada (ECF) aprovado em janeiro de 2024. Esse acordo, com um valor total de 74,64 milhões de Direitos Especiais de Saque (DES), aproximadamente 99,4 milhões de dólares, visa oferecer suporte financeiro e técnico à Gâmbia para fortalecer sua economia e enfrentar desafios de desenvolvimento. A revisão concluída permitirá um novo desembolso de 8,29 milhões de DES (cerca de 11,04 milhões de dólares), elevando o montante total liberado até agora para 33,1 milhões de dólares, com aprovação prevista para 20 de dezembro de 2024.

Conforme Jenkner, a Gâmbia apresentou um crescimento econômico sólido, estimado em 5,8% para 2024, impulsionado principalmente pelos setores de agricultura, serviços, telecomunicações e construção. Entretanto, a inflação no país, embora em queda de um pico de 18,5% em 2023 para 10% em setembro de 2024, permanece acima da meta de médio prazo de 5% estabelecida pelo Banco Central. Para a economista, esses indicadores refletem os desafios inflacionários e a necessidade de continuidade das políticas de controle fiscal e monetário para estabilizar a economia.

As discussões com o FMI também focaram em políticas fiscais para 2024 e 2025, com ênfase em assegurar a responsabilidade orçamentária e ampliar a capacidade de resposta às demandas sociais e de desenvolvimento. Entre as prioridades, estão a proteção dos grupos vulneráveis e a abordagem de riscos climáticos e financeiros, que incluem a liquidação gradual de pagamentos em atraso e compromissos pendentes do governo. A manutenção desse plano fiscal é considerada crucial para reduzir as vulnerabilidades da dívida e promover a estabilidade macroeconômica no longo prazo. Por fim, a equipe do FMI também expressou apreciação pelas conversas produtivas e o compromisso das autoridades gambianas com o programa de reformas, um passo essencial para o país.

Fonte: https://standard.gm/gambia-expects-11m-more-imf-support/

Grupo de direitos humanos pede a libertação de menores acusados por protestos na Nigéria 

03/11/2024

Por Maria Luiza de Carvalho Allo 

Um total de 77 pessoas, dentre essas 30 crianças, foram indiciadas por 10 acusações criminais, incluindo traição, destruição de propriedade, distúrbios públicos e motim. Diante de tal julgamento, o governo nigeriano está sofrendo uma pressão agravante para retirar as acusações contra os menores, tendo estes idades entre 14 e 17 anos. As pessoas estão detidas desde agosto, estando estes sob condições precárias, com um estado de saúde frágil. A situação despertou a atenção de políticos e grupos da sociedade civil.

Após serem divulgadas imagens dos jovens desmaiando no tribunal em Abuja, a revolta intensificou-se. O político Peter Obi destacou a condição dos menores, ressaltando a exaustão e a falta de nutrição, enquanto a Anistia Internacional condenou as detenções, chamando-as de uma tentativa brutal de negar a liberdade. Apesar das críticas, a Polícia nigeriana negou acusações de maus-tratos e afirmou que providenciou assistência médica aos jovens.

Como representante da postura do governo e da polícia perante a situação, Muyiwa Ogunjobi, porta-voz da polícia, enfatizou que a idade não impede alguém de não responder legalmente, justificando as acusações contra os menores. Outrora, os advogados dos jovens informaram que eles receberam fiança, com o julgamento estando previsto para janeiro. A situação de desrespeito com os direitos humanos alimentou a discussão sobre o tratamento de menores.

O grupo de direitos humanos SERAP manifestou-se em resposta, prestando apelo ao presidente Bola Tinubu para que liberte os menores em até 48 horas, destacando que eles foram detidos apenas por exercerem seus direitos de protesto, em prol da liberdade. Foi também pedido pelo grupo uma investigação acerca das violações dos direitos humanos que ocorreram durante os protestos e período de detenção. Informações recentes indicam que o Ministro da Justiça, Lateef Fagbemi, já começou a trabalhar para tomar medidas para retirar as acusações contra os menores. O ocorrido infelizmente não é um caso isolado, sendo um reflexo da crise no país, que têm gerado um maior custo de vida e consequente manifestações na Nigéria nos últimos meses, levando a mortes e detenções.


File: Francis Kokoroko/Reuters

FONTE: https://www.aljazeera.com/news/2024/11/3/rights-group-calls-for-release-of-minors-charged-over-protests

Escândalo sexual abala sucessão presidencial na Guiné Equatorial

12/11/2024

Por Luiz Eduardo Leite Carmo

Foram vazados cerca de 150 a 400 vídeos sexuais com diferentes mulheres de um alto funcionário da Guiné Equatorial. Baltasar Ebang Engonga, sobrinho do presidente do país, teve esses vídeos expostos em redes sociais com parentes do presidente e esposas de ministros e altos oficiais militares, o que apenas alavancou o escândalo no país e em suas redondezas. Algumas das mulheres sabiam que estavam sendo filmadas, entretanto não existe confirmação do consentimento disso por todas aquelas identificadas nos vídeos.

A Guiné Equatorial é um país de caráter autoritário, em que o atual presidente, Teodoro Obiang Nguema, é considerado o presidente mais antigo do mundo, estando no cargo desde 1979. O presidente possui 82 anos de idade e, por isso, há uma escalada de tensões entre seus possíveis sucessores. Além disso, por seu caráter autoritário, o país não conta com uma imprensa livre, com informações de difícil acesso e verificação. A Guiné Equatorial também perpassa por desigualdades sociais e econômicas e com acusações ao próprio presidente de violações aos direitos humanos, assassinatos arbitrários e torturas, sendo interessante citar que a oposição de ativistas não é muito presente no país, já que esses foram majoritariamente presos ou exilados.

Egonga era chefe da Agência Nacional de Investigação Financeira no país e atuava combatendo crimes como a lavagem de dinheiro e desvios monetários. Entretanto, o próprio sobrinho do presidente acabou em uma investigação, na qual foi acusado de desviar dinheiro de cofres públicos para contas nas Ilhas Cayman. Egonga foi preso em Malabo, capital do país, no dia 25 de Outubro, tendo seus computadores e celulares apreendidos. Alguns dias após, os vídeos sexuais começaram a ser compartilhados em redes sociais como o Telegram, o Facebook e o X, atingindo por fim os grupos de WhatsApp na Guiné Equatorial e alavancando a tormenta do escândalo para a população geral.

No objetivo de conter o alvoroço, o presidente ordenou no dia 30 de Outubro que as agências de comunicação impedissem a circulação desses vídeos e uma investigação a respeito do responsável pelo seu compartilhamento iniciou-se. Os aparelhos eletrônicos de Baltasar haviam sido apreendidos pelas forças de segurança do país, o que levantou suspeitas sobre esse grupo. Além disso, o vice-presidente, filho do presidente, e sua mãe são acusados de afastarem qualquer outro concorrente à sucessão presidencial, o que focaliza-os no caso de Egonga.

Além disso, existem alegações de que o vazamento dos vídeos está sendo utilizado para acobertar as tentativas de maior regulação de redes sociais no país, cujo inclusive suspendeu a internet em Julho temporariamente devido a manifestações e protestos iminentes. Assim, tendo o escândalo sexual vazado e a imagem prejudicada do país, ativistas evidenciam que o ocorrido apenas desmascara os diversos problemas e injustiças que perpassam a Guiné Equatorial, levantando questionamentos a respeito da autoridade e de regulações sobre as liberdades no país.


”Baltasar Ebang Egonga foi detido por suspeita de corrupção antes do vazamento de vídeos sexuais que abalaram a Guiné Equatorial.”

FONTE: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cr4lqgq6wwzo

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