Sob a presidência de Iván Duque, governo colombiano se utiliza da pandemia como janela de oportunidade para enfraquecer o acordo de paz com as FARC

Candidato do partido de direita Centro Democrático (DC), Iván Duque elegeu-se presidente, em 2018, declarando que os termos do acordo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) deveriam ser revistos. Duque tem sido crítico do modelo de justiça transicional adotado pelo acordo e da participação dos ex-integrantes das FARC na esfera política colombiana (ver COSTA SOUZA, ROCHA, 2018). Hoje, em meio à pandemia do novo coronavírus, o presidente colombiano tem utilizado a atual crise como uma janela de oportunidade para enfraquecer a implementação de diversos aspectos do acordo. A agência responsável pela efetivação do acordo, a Consejería Presidencial para la Estabilización y la Consolidación solicitou, por exemplo, que antigos comandantes da guerrilha abandonassem seus assentos no Congresso, ainda que os tribunais do país já tenham reconhecido seus direitos políticos. Em outro episódio, um congressista do DC pediu que os recursos do Fundo de Programas Especiais para a Paz fossem redirecionados para os pacotes econômicos de estímulo contra a pandemia. Além disso, em abril, Duque autorizou a contratação da empresa Du Brands SAS, com recursos do Fundo, para gerenciar a estratégia digital e de conteúdo da Presidência ao longo deste ano – a Du Brands foi a empresa que promoveu a campanha do partido de Duque contrária ao acordo no plebiscito que aprovou os termos das negociações. Essas são, portanto, algumas demonstrações da falta de compromisso do atual governo com os termos do acordo assinado no final de 2016.

Fonte:https://www.washingtonpost.com/opinions/2020/05/26/colombias-government-is-using-coronavirus-weaken-historic-peace-agreement/