Colapso na cidade de Guayaquil: como o Equador e o seu sistema de saúde vêm lidando com a pandemia do novo coronavírus.
01/06/2020
Rafael Ribas
No dia 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde declarou que a doença causada pelo novo coronavírus – Covid-19 – denomina-se uma pandemia (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2020). O vírus, com surgimento na China, apresenta uma alta capacidade de transmissão fazendo com que os números de infectados aumentassem rapidamente em uma escala global, atingindo, atualmente, mais de 110 países (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2020). Apesar de o Brasil ter o maior número de casos e mortes da América do Sul, o Equador[1] chama a atenção por conta do elevado número de mortes causadas pelo novo coronavírus.
Atualmente o Equador registra, oficialmente, 3.313 mortes causadas pelo Covid-19 (OMS, 2020), entretanto a ministra do Interior, María Paula Romo, afirma que “O número de mortes está totalmente fora do ordinário.” (COLLYNS, 2020). Tal fala da ministra pode ser facilmente corroborada com o fato de que apenas na região da província de Guayas ocorreram 6,7 mil óbitos na primeira quinzena de abril – durante a pandemia – enquanto que no ano passado, nesse mesmo período, foram 1 mil falecidos. Apesar desses óbitos não serem todos causados pelo vírus, é notório que esse drástico aumento não se trata apenas de uma coincidência. Logo, essa grande discrepância do total de mortos da região com os números oficiais do governo é resultado, principalmente, da falta de testes na população. Essa ausência de testes é resultante da atual crise na saúde pública do Equador.
Porém, problemas estruturais no campo da saúde equatoriana não é um impasse recente, a ex-ministra da saúde – Veronica Espinosa – afirma que durante os trinta anos antes da posse do ex-presidente, Rafael Correa, nenhum hospital público foi construído no território e que “isso ilustra a importância que é dada à saúde pública neste país.” (RAMIREZ, 2018). Mas, apesar do aumento nos investimentos da saúde durante o governo de Correa – de 2007 até 2017 – e da Constituição de 2008 em assegurar o acesso gratuito de tratamentos e medicamentos (ECUADOR, 2008), essas medidas não foram suficientes para apagar esse problema. Além de que, o atual governo, do presidente liberal Lenín Moreno, agravou ainda mais o impasse, pois durante o seu mandato já houve alguns cortes na área da saúde, o que já resultou em 2600 demissões de funcionários da saúde nos últimos três anos, além de que, seguindo traços de países alinhados com os Estados Unidos, como o Brasil, o país também expulsou médicos cubanos que faziam parte de seu sistema público de saúde (MACLEOD, 2020).
Segundo Giovanella (2017), após os declínios dos regimes militares sul-americanos, o processo de redemocratização marcou a saúde pública de diversos países, assim ganhando políticas mais sociais, normalmente advindas de governos de esquerda e centro-esquerda na América Latina. Sendo assim, o Equador é um exemplo de país latino-americano que passou adotar medidas mais sociais em sua Constituição, como a universalização da saúde, visto que durante o governo de Rafael Correa – do partido de esquerda “Alianza Pais” – a Constituição equatoriana de 2008 foi promulgada, assim assegurando um acesso gratuito a cuidados e medicamentos para todos os cidadãos.
O sistema de saúde do Equador é composto pelo setor público e privado – 80% público e 20% privado – (LUCIO, 2011), sendo o setor público constituído por entidades como o Ministério de Saúde Pública, compondo 47% das unidades, e o Instituto Equatoriano de Segurança Social (IESS) – financiado por um sistema opcional de contribuições salariais e patronais – o qual compõe 24% (LUCIO, 2011). Os demais 9% pertencem aos municípios e outras entidades.
Entretanto, mesmo com um crescimento dos gastos em saúde no país, esse aumento é desproporcional uma vez que, em 2008, mais de 60% dos gastos totais de saúde destinaram-se ao setor privado – mesmo com a maioria do sistema sendo público (LUCIO, 2011). Logo, em um país que boa parte de seu povo é de baixa renda, com pouco mais de um quinto de sua população estando abaixo da linha da pobreza, fica claro que esse descaso ao setor público, priorizando o privado, prejudica essa parte da sociedade que não possui aparos suficientes para determinados casos de saúde – principalmente em um caso de pandemia como esse.
Portanto, indo contra a tendência da maioria dos países americanos, o Equador vem aumentando os gatos privados ao invés dos públicos (SILVA, 2012). Isso se dá por conta dessas políticas de saúde, que ao longo da história do país resultaram em uma monopolização dos atendimentos, por conta dessa “privatização da saúde” (ITURRALDE, 2016). Esse fenômeno ocorre uma vez que impasses, até hoje não resolvidos ao longo dos governos, como baixa oferta de médicos e demais profissionais, e estruturas precárias para toda a população – principalmente em zonas periféricas – fazem com que o Estado financie atendimentos em hospitais privados, já que a rede pública não suporta todos.
Tal medida é acessível em um curto prazo, já que não há uma ampla estrutura para a população, porém no longo prazo, não chega a ser um projeto, e assim acaba reforçando ainda mais o setor privado de saúde em relação ao público. Dessa forma, o economista José Martinez afirma que “O IESS se tornou o cliente mais rentável do setor privado”, uma vez que a instituição pública investiu uma quantia de 3,2 bilhões de dólares com prestadores de serviços terceiros, não tendo condições de atender sua demanda (RAMIREZ, 2018). Assim, essa “financeirização da saúde” faz com que o setor privado superfature seus serviços, prejudicando ainda mais o alcance das medidas de saúde do Estado, que muitas pessoas dependem.
De acordo com Fiola (2020), não houve, portanto, um fortalecimento na saúde pública do país, o sistema de saúde disponível antes da pandemia Covid-19 se manteve o mesmo, e com a chegada dela entrou em colapso. Médicos e enfermeiros relatam a precariedade de profissionais e de equipamentos, os mesmos improvisam, por falta de opção, sacos de lixo como substitutos das capas e máscaras, tentando realizar seu serviço sem o mínimo de segurança, fazendo muitos questionarem a ação do atual presidente frente aos problemas nesse quesito.
Sendo assim, esse enfraquecimento na saúde pública, juntamente com uma resposta tardia do governo, tornou o Equador ainda mais vulnerável com a chegada inesperada de uma pandemia, demonstrando como esse grande impacto colapsou a saúde pública da cidade de Guayaquil – que não possui mais leitos disponíveis para contaminados dos vírus e nem para pacientes com outros quadros emergenciais. Assim, sem suporte médico quando uma internação é necessária, diversas mortes ocorrem dentro das casas das próprias vítimas, porém com um aumento repentino no número de mortes os serviços funerários não estão dando conta de tantos óbitos, e também não há mais lugares para enterrar os cadáveres, fazendo com que diversos corpos fiquem sem o recolhimento e continuem dentro das casas, ou até mesmo, por conta do odor, acabam empilhados pela cidade. Isso causa sérios problemas sanitários para uma população que implora, por meio de vídeos direcionados ao presidente, uma morte digna para os seus familiares e que já está avistando urubus sobrevoando a cidade.
A crise no sistema funerário fez com que o presidente realizasse uma força-tarefa apenas para o recolhimento dos corpos nas residências e ruas de Guayaquil, a qual anunciou um recolhimento de um total de 700 mortos. Além disso, havendo uma escassez de caixões na cidade, a Associação de Papeleiros local está realizando doações de caixões de papelões para ajudar famílias que necessitam enterrar seus parentes – mesmo não atendendo as normas sanitárias. A prefeita da cidade, Cynthia Viteri, também contaminada pelo Covid-19, certifica esse grande problema afirmando que “não há mais espaço nem para os vivos, nem para os mortos” (COHEN, 2020).
Ademais, o epicentro, Guayaquil, é a cidade com a maior taxa de pobreza do país, sendo altamente dependente dos serviços públicos de saúde e possuindo uma grande desigualdade social, isso faz com que a população negligencie o isolamento proposto pelo governo, uma vez que a quarentena impede muitos trabalhadores informais de trabalharem, e consequentemente, de ficarem sem seus ganhos. Logo, esses cidadãos, na maioria das vezes por conta da desigualdade, não possuem condições de ter alguma reserva para casos emergenciais, então muitos não possuem a opção de seguir o isolamento, pois caso sigam, não terão recursos básicos como alimentação para manter suas famílias. Ou seja, a quarentena tem um efeito reduzido para essa grande parte da população de Guayaquil, que precisam de um auxílio, mas estão sob um governo o qual o próprio presidente reconhece que, por conta de uma crise econômica, não estava preparado para enfrentar uma pandemia (COHEN, 2020).
Portanto, o epidemiologista equatoriano da Universidade das Américas, Esteban Ortiz, também aponta essas causas que levaram o país a essa situação, “ É uma soma de vários fatores, mas o principal é que no Equador não seguimos rigorosamente todas as medidas que devem ser tomadas para enfrentar uma emergência dessa magnitude, nem as pessoas prestaram atenção aos alertas do governo” (VALENCIA, 2020). Assim, mesmo com o mundo sofrendo diretamente com as consequências dessa nova pandemia e com a Organização Mundial da Saúde fazendo recomendações diárias para tentar direcionar medidas para os países, a cidade de Guayaquil está presenciando um verdadeiro pesadelo que, até então, não é comum – nessa magnitude – em seus países vizinhos. Isso se dá por conta de todos esses erros, não só do governo com uma resposta ineficiente com a chegada do coronavírus, mas também com um cenário predeterminado marcado por um histórico de crises políticas e uma atual crise econômica, além de sérios problemas estruturais na saúde pública e no gerenciamento dos recursos à saúde do país, que não consegue aplicar suas almejadas medidas universais, colocando a sua população em uma situação degradante. Assim, torna-se necessárias reformas na maneira de como esse sistema de saúde é gerido, de uma forma que a base da população não continue sendo segregada, visto que dessa atual maneira as perspectivas futuras do país não se encaminham para um lado ideal e salubre meio à uma pandemia.
[1] Na primeira semana do mês de abril a hashtag “Ecuador En Emergencia” nas redes sociais chamou a atenção de todo mundo, por meio dela moradores mostravam a trágica situação do país – em sua maioria da cidade de Guayaquil – frente ao novo coronavírus. Guayaquil é a capital da província de Guayas, sendo a maior cidade do Equador, com aproximados 3 milhões de habitantes. Além disso, a cidade tornou-se epicentro da pandemia no país, tendo como resultado um colapso em seus sistemas de saúde e funerário.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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