Clipping Chifre da África #63

Centenas de mortos e vilarejos destruídos em massacres, minando o acordo de paz do Sudão do Sul

Por Lorrayne Figueredo Batista em 28/05/2020

Apesar da assinatura do acordo – que definia a formação de um novo governo no Sudão do Sul e a integração de soldados opositores ao exército nacional – pelos principais beligerantes da guerra civil sul-sudanesa, o presidente Salva Kiir e seu ex-vice-presidente, Riek Machar, as hostilidades no território perseveram. Isso acontece pois, apesar da tentativa dos dois grupos prioritários de cessar a guerra civil no território, grupos menores, como o Murle e outras sub-tribos, foram excluídas na divisão do poder nacional e continuam em relações conflituosas. Tal conjuntura é exemplificada pela resposta ao massacre ocorrido nos meses de fevereiro e março na região de Jonglei, na qual atacantes com metralhadoras invadiram um grupo remoto de vilarejos no sul do Sudão, matando centenas, incluindo agentes e médicos de organizações humanitárias.

Nessa conjuntura, Alan Boswell, especialista em Sudão do Sul no International Crisis Group, afirma que independentemente dos esforços para manutenção da paz no território, a “violência ainda existe e (…) os contínuos combates com grupos que não assinaram mostram até onde temos que ir”. Além disso, Boswell ainda reitera que mesmo com o acordo de paz entre Kirr e Machar, as agressões contínuas ainda podem matar centenas e deslocar milhares de pessoas. 

 

Fonte: Washington Post – jornal diário de maior circulação em Washington, DC.

Disponível em: https://www.washingtonpost.com/world/africa/south-sudan-violence-peace-deal/2020/05/27/3b28491a-9f8a-11ea-be06-af5514ee0385_story.html

 

Sudão e ONU assinam pacto antiterror

Por Maria Isabel Fortunato em 28/05/2020

Sudão e ONU assinam memorando de entendimento para ajudar a combater crimes relacionados ao terrorismo. O Ministério das Relações Exteriores do país informou que o pacto tem o intuito de implementar o Programa de Viagens Antiterroristas ONU, que fornece apoio de inteligência aos países contra crimes relacionados ao terrorismo.

O memorando foi assinado via link de vídeo pelo embaixador da ONU no Sudão, Omar Muhammad Ahmad Siddie, e pelo vice-chefe do Escritório de Combate ao Terrorismo da ONU, Vladimir Ivanovich Voronkov, e mobilizará 45 milhões de dólares. Sobre o plano do acordo o Ministro das Relações Exteriores, disse que será “um grande projeto integrado no campo das viagens, [voltado] para a luta contra o terrorismo e a aviação civil”. Sendo assim, serão  analisados os dados de viagens entre países para ajudar a prevenir crimes relacionados ao terrorismo e em busca de  encontrar terroristas,  combatentes estrangeiros e criminosos.

Fonte: Anadolu Agency – Agência internacional de notícias, alinhada e controlada pelo governo da Turquia

Disponível em: <https://www.aa.com.tr/en/africa/sudan-un-sign-counter-terror-pact/1855812>

 

Djibouti e Quênia disputam assento no Conselho de Segurança das Nações Unidas

Por Luana Paris em 20/05/2020

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Prédio da Organização das Nações Unidas em Nova York, em setembro de 2019. Fonte: JOHANNES EISELE / AFP. 

Em junho de 2020 sairá o resultado das eleições para membros não-permanentes no Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU),e definirá os países que cumprirão mandatos  no período de 2021-2022. O Conselho conta com dez membros não permanentes e a cada dois  anos, cinco são substituídos por meio de votações. Nas eleições deste ano, dentre os membros que serão substituídos, encontra-se a África do Sul e desde o ano passado, dois países se apresentaram como candidatos para esse posto: o Quênia e o Djibouti. Para conquistar o assento, são necessários 129 votos, o que corresponde a dois terços do total de membros das Nações Unidas.

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Mapa do território de Djibouti e suas saídas para o Mar Vermelho, Golfo de Áden e Golfo de Tadjourah.  Fonte: Enciclopédia Global

 

O Quênia se destaca por ter auxiliado na instabilidade governamental instaurada na Somália e no Sudão do Sul, além de ter se comprometido com o apoio a refugiados na região. Mas o que mais lhe colocou destaque foi o fato de a União Africana (UA) ter endossado publicamente sua candidatura, fazendo com que o Quênia tenha se tornado o “candidato da UA” nas eleições. Essa situação desagradou o Djibouti, que, acusou o endosso da UA como ilegítimo. Além disso, o presidente djibutiano também utilizou da disputa marinha entre Quênia e Somália para desmerecer a campanha de seu oponente. A seu favor, o Djibouti possui alguns fatores como saída para o Mar Vermelho e para os Golfos de Tadjourah e de Áden (mapa), além da presença militar por meio de bases da França, Estados Unidos e China, mostrando-se um candidato que agrada em relação a estratégias militares. No entanto, John Gachie, editor da Foreign Affairs, comentou que a insistência do Djibouti em sua candidatura pode ter abalado suas relações futuras com a União Africana. 

 

Fonte: The Star – Site queniano que traz notícias sobre política, entretenimento, estilo de vida, esportes e histórias do Quênia e do mundo. 

Disponível em: <https://www.the-star.co.ke/news/big-read/2020-05-20-kenya-downplays-undermining-by-djibouti-ready-for-unsc-vote/>

 

Sudão cria força policial para proteger trabalhadores da área da saúde

Por Paula de Paula Mattos em 31/05/2020

As autoridades do governo transitório do Sudão estão trabalhando para criar uma força policial para proteger instalações de saúde, informou o gabinete do primeiro-ministro Abdalla Hamdok no sábado (23), à medida em que ataques contra profissionais da saúde e hospitais aumentaram em meio à pandemia do coronavírus. A medida ocorreu depois que médicos de todo o país ameaçaram entrar em greve para pressionar as autoridades a fornecer proteção para os profissionais no ambiente de trabalho.

Em resposta, o governo transitório sudanês se reuniu com representantes da classe médica do país buscando soluções decisivas e rigorosas para os repetidos ataques a trabalhadores da área, e irá apresentar um projeto de lei para protegê-los, afirmou o gabinete do primeiro ministro em comunicado oficial.

Estima-se que cerca de duas dúzias de ataques a trabalhadores e instalações de saúde ocorreram nos últimos dois meses em todo o país, de acordo com a contagem do Comitê de Médicos do Sudão. O grupo faz parte do movimento de protesto que no ano passado ajudou a depor o presidente de longa data Omar Al-Bashir. É importante ressaltar que as consequências da transição política afetam o país, e que o sistema de saúde nacional é enfraquecido por décadas de guerras e sanções.

 

Fonte: Al-Jazeera (emissora de televisão jornalística do Catar)

Disponível em: 

<https://www.aljazeera.com/news/2020/05/sudan-establish-police-force-protect-healthcare-workers-200523195256875.html>

 

CSNU estende embargo de armas ao Sudão do Sul até maio de 2021

Por Gabriela Vieira Costa em 31/05/2020

 

O Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) prolongou o embargo de armas ao Sudão do Sul até maio de 2021. A decisão também proíbe viagens e prevê sanções financeiras. O documento elaborado pelos Estados Unidos com o pedido de extensão do embargo foi aprovado por 12 votos a favor e 3 abstenções (Rússia, China e África do Sul). O conselho agendou uma revisão das medidas até 15 de dezembro e solicitou que todos os membros fornecessem um relatório sobre o papel do embargo de armas no acordo de paz de 2018. Dentre as preocupações por trás da decisão do CSNU, as questões sociopolíticas do Sudão do Sul alertam a comunidade internacional.

 O país, que passou por uma guerra civil com duração de seis anos, ainda vive um cenário doméstico crítico acerca das questões étnicas e sociais. A decisão pretende reduzir o fluxo de armas usadas para cometer crimes de guerra e violação dos direitos humanos. Isso porque apesar da redução da violência após o acordo de paz, a violação dos direitos humanos por forças do governo, combatentes de grupos armados da oposição e jovens armados continua a vitimar inúmeras pessoas. Assim, a resolução ressalta a importância do estabelecimento do governo de transição pelos líderes do país e a implementação das disposições acordadas em 2018, inclusive a permissão de ajuda humanitária sem obstáculos, visando alcançar uma maior estabilidade no país.

 

Fonte: Al Jazeera (maior canal midiático do Catar).

Disponível em <https://www.aljazeera.com/news/2020/05/unsc-extends-south-sudan-arms-embargo-2021-200530063339453.html>.

 

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