Miguel Lucas Canuto da Silva.
Localização
A República de Camarões, localiza-se na porção Ocidental do continente Africano banhado a sudoeste pelo Oceano Atlântico. Faz fronteira ao oeste com a Nigéria, a leste com a República Centro-Africana, ao sul com o Congo, Gabão e Guiné Equatorial e por fim, ao norte, com o Chade. Em termos territoriais, Camarões possui 475.440 km² e conta com uma população de aproximadamente 23 milhões de habitantes segundo estimativas de 2014. A capital do país é Yaoundé. (Infoplase: Camerron Overview history. 2012).

Caracterização física
O clima de Camarões é quente durante a totalidade do ano, típico do clima Tropical. A sudoeste do país, em uma faixa costeira de aproximadamente 80 km, encontra-se os pântanos e densas florestas tropicais. Além dos pântanos e planícies costeiras, o país possui uma área densamente florestada em conflito com as produções agrícolas, ao sul se destaca o meio agrícola e ao norte o setor pastoral . Já as regiões do extremo norte, próximo ao lago Chade, estão as Savanas, de clima tropical seco. Próximo à costa, destaca-se na paisagem os picos de formações de origem vulcânica, o monte Camarões de 13.354 pés (4.070 mil metros), é um dos mais altos da África Central (Imagem x). Dentre os muitos rios que drenam os Camarões, se destacam quatro; o Bénoué, o Wuori, o Sanaga e o Nyong (Infoplase: Camerron Overview history. 2012).


Caracterização populacional
Em relação aos principais grupos étnicos, estima-se que os Bamiléké representam aproximadamente 25% da população total, e os nortistas Fulani, representam em torno de 20%. Ambos os grupos possuem as maiores taxas de fertilidade, em um país onde a população está crescendo em uma taxa média anual a quase 3%, registrando quedas nas taxas de mortalidade e aumento nas taxas de fertilidade (Coutries and their Cultures).
A unidade monetária do país é o Franco (CFA), a economia é basicamente autossuficiente em alimentos, entretanto é distribuída de forma variável, gerando a fome de forma sazonais no norte árido do país. A agricultura, a produção de alimentos e as culturas comerciais (café, cacau e algodão), juntos empregam quase dois terços de toda a força de trabalho do país. A agricultura familiar para consumo próprio também é de grande destaque no país, o excedente é vendido nos mercados locais (Infoplase: Camerron Overview history. 2012). Camarões possui um superávit sobrecarregado por dívidas.
Caracterização histórica
Segundo o site Afrique-Planete (2018), a exploração do país teve início por volta de 1472, com a chegada do português Fernão do Po, que nomeou o estuário de Wouri – “Rio dos Camarões”, que, por deformação deu origem ao nome “Camarões”. Espanhóis, ingleses, franceses, alemães e depois americanos também foram responsáveis por desenvolver o comércio costeiro no local, porém, os alemães foram os mais ativos no processo de colonização, que foi marcado por grande resistência da população (Afrique-Planete, 2018).
O domínio alemão se estendeu sobre o país até a Primeira Guerra Mundial, quando a Alemanha teve que ceder seu território para a Inglaterra e França, dividindo o território de Camarões em dois mandatos, criando duas regiões, uma de língua inglesa e outra francesa. A região de domínio britânico seguiu o sistema educacional, práticas legais e o inglês pidgin (Wes Cos) como língua franca. Na região de domínio francês, que consiste em oito províncias, instituiu-se o sistema escolar e o sistema jurídico do molde francês, baseado no direito estatutário da Europa continental (Coutries and their Cultures).
As manifestações por independência da França e Inglaterra inicia-se nos anos 1950. A guerrilha teve início na porção pertencente a França, instigada pela União Nacionalista dos Povos dos Camarões, que lutavam pela independência imediata e a unificação com os povos de domínio inglês. No ano de 1957, a França permitiu que os Camarões franceses pudessem exercer seu autogoverno e em 1959 sua autonomia interna, proclamando-se republica em 1 de janeiro de 1960, com Ahmadou Ahidjo sendo seu primeiro presidente.
A porção de domínio inglês passou por um plebiscito patrocinado pela ONU em 1961, que definiu o desejo da zona norte do país em unificar seu território com a Nigéria, diferente da porção sul que optou pela união com os Camarões (Infoplase: Camerron Overview history). Após esta divisão, Camarões foi reconstituído como uma república federal, com Ahidjo como presidente, defendendo um regime autoritário de partido único, impulsionando para que no ano de 1966 os partidos mais fortes do leste e oeste se fundissem formando a União Nacional dos Camarões (CNU). Em votação popular no ano de 1972, foi decidido a proposta de adoção de uma nova constituição que estabelecia a República dos Camarões como um estado unitário, substituindo a federação, mas mantendo a forma presidencial (Afrique-Planete, 2018).

Este formato de governo adotado no país em 1972 permaneceu até o início dos anos 1990, onde o então presidente Paul Biya foi forçado, perante a pressão da oposição e da opinião pública, aceitar e estabelecer o sistema político multipartidário, gerando reações diversas nas relações de poder locais. Mesmo com eleições democráticas, Biya continuou dominando o cenário político nacional, eleito em 2011 o seu sexto mandato. O cenário político local é caracterizado por reeleições polêmicas marcadas por acusações de fraudes eleitorais, protestos violentos, greves e conflitos com países vizinhos (Infoplase: Camerron Overview history).
Conflitos
A história da República dos Camarões e marcada por alguns conflitos internos e externos com países vizinhos. Anos após a união com a Nigéria, a porção Norte (antigas províncias britânicas) buscou autonomia ou retorno ao governo federal, gerando conflitos internos e insatisfação da população (Infoplase: Camerron Overview history). No ano de 1990, Camarões e Nigéria passaram por tensões e conflitos desagradáveis, devido à concorrência pela península de Bakassi, situada no Golfo Guine e rica em petróleo. Até que, no ano de 2002, com a apresentação de fatos e argumentos de ambos os países, a Corte Internacional de Justiça concedeu a posse da península para Camarões (NWOKO, 2018). Além Bakassi, a região do Lago Chade também foi concedida aos Camarões, o que ocasionou insatisfação da Nigéria e por parte da população que defendia outros ideais (Infoplase: Camerron Overview history).
A partir de meados do ano de 2013, o governo camaronês começou a enfrentar desafios devido a conflitos com o grupo Boko Haram, que atacou áreas do país próximas a fronteira com a Nigéria. Essa região foi palco de grandes conflitos envolvendo as forças armadas de Camarões e o grupo extremista Boko Haram. No ano de 2015, Camarões, Benin, Chade, Níger e Nigéria se juntaram e formaram uma força militar regional com o intuito de combater o Boko Haram. Entretanto, a união e organização destes países foram marcadas por desentendimentos devido a utilização do francês nas localidades de língua inglesa dos Camarões, o que levou a manifestações que se agravaram em repressões e ataques por parte de grupos separatistas.
Caracterização cultural
No âmbito da formação cultural, a região foi palco de diversas invasões e migrações de vários grupos étnicos, principalmente pelos Fulani, Hausa, Fang e Kanuri, além das características deixadas pelos países europeus. No que se refere ao idioma local, o Francês e inglês são os idiomas oficiais, porém, existem aproximadamente 24 grupos de idiomas africanos no país. A porção de antigo domínio francês, conta com mais de 200 grupos étnicos. Ao longo da costa sul e nas áreas florestais os povos de língua bantu, como o Douala predominam a região e nas terras altas do Sul estão os Bamiléké. Ao Norte, se destacam os Fulani e os Kirdi (Infoplase: Camerron Overview history. 2012).
O contexto religioso no país se resume da seguinte forma, na porção sul, aproximadamente 40% das pessoas seguem as crenças tradicionais, outros 40% são cristãos e cerca de 20% são muçulmanos; nas regiões do norte do país o Islã é a religião dominante (Infoplase: Camerron Overview history. 2012). Segundo informações do Coutries and their Cultures, os hábitos culinários são bem variados, em alguns locais o compartilhamento de alimentos cozidos demonstra algumas relações sociais. Compartilhar comida e bebida demonstra hospitalidade e confiança. As refeições consistem basicamente em um cereal cozido ou um prato principal que vem acompanhado por um molho ou ensopado. Nas porções do sul, se destacam alimentos básicos, como mandioca, coco e banana-da-terra; na savana úmida e em Grassfields, milho e banana-da-terra; e no norte árido, sorgo e milheto. Arroz e macarrão são alimentos bem populares. Os molhos são utilizados com muita frequência na culinária local, geralmente têm uma base de óleo de palma e amendoim moído. Os legumes como verduras, quiabo e abóboras são comuns. Pimentas, cebolas, gengibre e tomate são condimentos populares. Frutas como, bananas, manga, mamão, laranja e abacate são lanches e sobremesas comuns, os tabus alimentares variam de acordo com o grupo étnico. Ocasiões especificas como; casamentos e funerais geralmente são servidos uma galinha, cabra, ovelha ou boi.

REFERENCIAS
Cameroun: Histoire. Afrique Planete. 2018. Disponível em: http://www.afrique-planete.com/cameroun/histoire.htm. Acesso em: 25. mar. 2020.
Cameroon. Coutries and their Cultures. Disponível em: https://www.everyculture.com/Bo-Co/Cameroon.html. Acesso em: 01. abr. 2020.
Infoplase: Camerron Overview history. 2012. Disponível em: https://www.infoplease.com/encyclopedia/places/africa/cameroon/cameroon-country/history. Acesso em: 28. mar. 2020.
NWOKO, Kenneth. POST-CONFLICT PEACE-BUILDING IN A CONTESTED INTERNATIONAL BORDER: THE NIGERIA-CAMEROON BORDER CONFLICT SETTLEMENT AND MATTERS ARISING. Brazilian Journal of African Studies, Porto Alegre, v. 3, ed. 5, p. 65-83, Jan. / Jun. 2018. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/332361697_POST-CONFLICT_PEACE-BUILDING_IN_A_CONTESTED_INTERNATIONAL_BORDER_THE_NIGERIA-CAMEROON_BORDER_CONFLICT_SETTLEMENT_AND_MATTERS_ARISING. Acesso em: 31 mar. 2020.
Glober Trotter Travel. 2013. Disponível em: https://www.gttravelweb.com/pt/2013/02/15/trekking-no-monte-camatoes-sinta-a-pressa/. Acesso em 28/05/2020.
Brasil Escola. Camarões. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/camaroes.htm. Acesso em 28/05/2020.
Wikipédia. Camarões. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Camar%C3%B5es Acesso em 28/05/2020.