Refugiados eritreus na Etiópia resistem a fechamento de campo em meio aos temores da COVID-19
Por Larissa Cimini em 30/08/2020
Os 27 mil eritreus habitando o campo Hitsats para refugiados, na Etiópia, não querem sair e estão com medo do plano governamental de fechar o local e realocá-los para outros dois campos já superlotados (Adi Harush e Mai Aini). O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados já alertou o país para o risco da exposição dos refugiados à COVID-19 e da disseminação ser ainda maior, pois pessoas em Adi Harush têm apresentado a doença desde junho. Em todos os campos etíopes há pouco acesso a comida e água, e há em torno de 15 pessoas por quarto – condições que já eram um problema anteriormente e, agora, se tornam ainda mais sérias por facilitarem a transmissão do coronavírus. Enquanto isso, o Ministro da Saúde da Etiópia não se pronuncia. Existe uma opção para os residentes de Hitsats, que seria morar nas cidades ou vilas, porém, os refugiados não possuem dinheiro ou contatos para sustentar a vida fora dos campos. Os eritreus estão nesta situação por fugirem de um governo autoritário e violento, uma economia quebrada e do desemprego.
Fonte: The New Humanitarian – Jornal de campo, independente e sem fins lucrativos, fundado pela Organização das Nações Unidas
Disponível em: <https://www.thenewhumanitarian.org/news-feature/2020/08/17/Ethiopia-Eritrea-refugee-camps-coronavirus>
Oficiais da AMISOM homenageados por contribuírem para paz e estabilidade na Somália
Por Larissa Cimini em 30/08/2020
42 oficiais do alto escalão militar da Missão da União Africana para a Somália (AMISOM), servindo no Quartel General em Mogadíscio, capital da Somália, ganharam medalhas em reconhecimento às contribuições em prol da paz e da estabilidade no país. A condecoração aconteceu durante um desfile realizado em sua homenagem. Os oficiais reconhecidos são de dez países: Etiópia, Serra Leoa, Nigéria, Egito, Uganda, Quênia, Burundi, Gana, Essuatíni (ex-Suazilândia) e Zâmbia. A Missão de construção da paz tem atuado desde o ano de 2007.
O Tenente-General Yilma fala sobre os esforços em manter a população e as rotas por onde passam suprimentos seguras, e em lutar veementemente contra Al-Shabaab. Uma missão como a que está sendo conduzida na Somália, diz ele, não poderia ter sucesso se não houvesse um exército forte com apoio efetivo de serviço de combate. A Al-Shabaah é uma organização extremista e islâmica, considerada terrorista e ligada à Al Qaeda, que surgiu na Somália no início dos anos 2000 e a maioria de suas atuações ainda são neste país.
Fonte: Horn Observer – Portal de notícias sem fins lucrativos cobrindo o Chifre da África, com foco na Somália
Disponível em: <https://hornobserver.com/articles/569/AMISOM-staff-officers-honoured-for-contributing-to-peace-and-stability-in-Somalia>
Quênia: chega ao fim greve de médicos devido a salários atrasados e falta de equipamentos de proteção pessoal
Por Ruth Amaral em 30 de agosto de 2020
320 médicos do condado de Nairobi, no Quênia, finalizaram uma greve de seis dias em protesto ao atraso no pagamentos dos salários e, além disso, protestaram quanto à ausência ou a falta de qualidade de equipamentos de proteção pessoal (EPI) para tratar pacientes com suspeita de COVID-19. Thuranira Kaugiria, secretária geral da União dos Praticantes de Medicina, Farmacêuticos, e Dentistas do condado de Nairobi, explicou que assim que os médicos assinassem um acordo proposto pelo governo do condado, todos voltariam ao trabalho. Nesse acordo, o governo prometia que o pagamento dos salários ocorreria no quinto dia útil de cada mês, e caso não ocorresse, os médicos seriam livres para pararem de trabalhar sem aviso prévio. Também se comprometeram a conceder o direito a uma área isolada caso algum médico contraísse COVID-19 e também melhor qualidade e quantidade de EPIs. Os hospitais afetados pela greve foram apenas os comandados pelo condado, enquanto os locais em posse do governo nacional continuou com suas atividades contra o vírus, que já atingiu mais de trinta mil pessoas no Quênia.
Fonte: Al Jazeera
Disponível em:
<https://www.aljazeera.com/news/2020/08/kenya-doctors-strike-pay-delay-lack-ppe-200828055310702.html>
Governo do Sudão e movimentos rebeldes assinam acordo de paz
Por Lorrayne Batista em 01/09/2020.
Após 17 anos de um conflito que já matou mais de 300 mil pessoas e deslocou 2,5 milhões no território sudanês, as autoridades do governo e os líderes dos principais grupos rebeldes do país demonstraram interesse em cessar os confrontos. Após a queda de Omar al-Bashir, ditador que ocupou o poder por 30 anos, a manutenção da paz interna se tornou o principal objetivo do governo de transição. O consenso foi alcançado através de um acordo no qual os revoltosos ganharam o direito de obterem representação política, integração nas forças de segurança, direitos econômicos e acesso às terras. Além disso, a resolução legitimou a possibilidade de retorno para os deslocados pelos combates.
A cerimônia de ratificação aconteceu em Juba, capital do Sudão do Sul, e envolveu grupos como o Movimento de Justiça e Igualdade (JEM), o Exército de Libertação do Sudão (SLA) e o Movimento de Libertação do Povo do Sudão-Norte (SPLM-N). O acordo, que aconteceu em duas etapas, também abrangeu os movimentos que atuam na região de Darfur e no centro-sul. O tratado é visto na arena internacional como significativo e relevante no que tange à estabilidade do país, visto que as partes já tentaram estabelecer acordos de paz inúmeras vezes e nenhum deles foi, de fato, posto em prática.
Fonte: G1
Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/08/31/governo-do-sudao-e-movimentos-rebeldes-assinam-acordo-de-paz.ghtml>
A crise na Etiópia se estende pelas regiões do país
Por Isadora Marinho em 01/09/2020
Fonte: <https://pt.maps-ethiopia.com/eti%C3%B3pia-regi%C3%B5es-do-mapa>.
Manifestações realizadas pelo povo Wolayta, que protesta em prol da criação de um estado regional próprio, é um dos vários sinais da crise política etíope. A Constituição do país assegura o direito a qualquer nacionalidade reivindicar pela formação de um estado regional, uma vez realizados os procedimentos exigidos. No entanto, mesmo após já terem passado por uma votação por unanimidade no conselho de representantes do povo Wolayta, em dezembro de 2018, a proposta nunca foi analisada a nível regional e federal. Além disso, no estado de Oromia, membros da oposição ao governo têm feito manifestação contra a decisão de prorrogar as eleições de 2020 devido à pandemia do COVID-19. O conflito anda em direção a uma escalada constante, especialmente após a morte de um ativista de direitos civis e cantor da etnia oromo, Hachalu Hundiessa, que era uma inspiração para muitos dos protestantes. Em virtude das manifestações, houve incêndios e saques de lojas na região, e a resposta do governo deixou 178 mortos e mais de 9000 manifestantes detidos sem os devidos processos legais. Ademais, o Estado etíope ainda precisa lidar com a Frente de Libertação do Povo Tigré, maior partido de oposição do país, que contesta a decisão de adiamento das eleições, assim como a maioria dos grupos de oposição ao governo. Outras questões que apenas fomentam a crise política vivida pelo país são a existência de dezenas de milhares de presos políticos e o controle de todos os meios de comunicação pelo grupo no poder, o Partido da Prosperidade. Para solucionar o conflito, foi requisitado que a União Africana tomasse o papel de mediadora entre a Frente de Libertação do Povo Tigré e o primeiro-ministro, Abiy Ahmed. Após um grupo de trabalhadores etíopes situados nos EUA pedir a Washington que tivesse uma participação mais ativa nessa crise, uma outra intervenção possível é que o Secretário de Estado dos Estados Unidos encourage os governantes etíopes a realizarem um diálogo com o grupo de oposição, para que se evite uma transição de governo turbulenta.
Fonte: Wardheer News – Portal de notícias sobre o Leste e Chifre da África, com maior enfoque na Somália
Disponível em: <https://wardheernews.com/ethiopias-political-crisis-plays-out-in-the-regions-why-its-a-federal-problem/>.
Quanto sofrimento para esse povo. Como se não bastasse ter que deixar seu solo para fugir do autoritarismo, um campo para refigiados ainda é a melhor opção para evitar a COVID-19. Obrigada por darem visibilidade a essa causa. Quem pode ajudar essa gente quando as autoridades supostamente competentes ignoram os fatos?
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