A emergência sanitária na Guiana Francesa
Por Samara Pires
No dia 23 de março de 2020 foi declarado na França estado de emergência sanitária devido a nova pandemia do coronavírus, o qual, durou para a maior parte do território, até 11 julho. Porém, para as regiões de Mayotte e a da Guiana Francesa, tal decreto, que inicialmente iria até o início de outubro, teve seu fim no dia 16 de setembro. Apesar dos países terem se recuperado antes do previsto, foram seis meses instáveis, sendo que a Guiana Francesa foi a região ultramarina mais afetada pela doença (NEDAN, 2020), passando por uma grande crise sanitária, social e econômica.
Durante esse período ficou evidenciada a falta de infraestrutura no país, em decorrência das dificuldades com o acesso a serviços públicos básicos e da falta de médicos e enfermeiros para lidar com a atual situação. A Guiana Francesa, que já era considerado um território pobre e inferior à média nacional, (TOFFOLET, 2020), piorou. Como afirmou Aude Trépont, coordenadora de Médicos do Mundo na Guiana, “a situação da Guiana é frágil há muito tempo e sabemos disso. Não foi surpreendente ver a crise social se transformando em uma crise humanitária hoje. Há anos existe um subdesenvolvimento crônico que se sabe” (TOFFOLET, 2020).
Nesse país do norte da América do Sul, a falta de água e alimentos já é um problema há tempos, e com a chegada do coronavírus esse problema foi agravado. A ONG Médicos do Mundo foi até a Guiana Francesa para ajudar a lidar com a situação, principalmente nas favelas, onde as condições são mais precárias, principalmente no que se refere ao escasso acesso a água em algum regiões e ao aprofundamento da economia informal. Isso pode causar “consequências sociais catastróficas, em particular no acesso aos alimentos, portanto, no estado de saúde ou mesmo na sobrevivência de parte da população” (PEGUY, 2020).
Dessa forma, após seis meses em estado de emergência sanitária, com mais de 9000 casos da COVID-19, a Guiana Francesa finalmente progrediu e começou a se estabilizar, entrando em um período de transição, adequando-se ao mesmo regime da França, ainda que continue sendo uma zona de alta vulnerabilidade. A partir deste momento, novas ações serão necessárias para reerguer esse departamento ultramarino francês. Nesse sentido, o CESECEG – Conselho Econômico Socioambiental para Cultura e Educação da Guiana – fez uma série de propostas, como criar nocas infraestruturas na área da saúde em todo território, desenvolver conteúdo local para a educação, além de colocar em prática o artigo 78, §3 do Tratado da União Europeia, o qual afirma que em caso de afluxo maciço de população de imigrantes, a Europa dará assistência ao país, com expectativas que a partir disso o território ultramarino volte a se desenvolver.
Referência Bibliográfica
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